"Se todo mundo pode contar o que viu, por que não poderá escrevê-lo? A escrita não é senão a transcrição da palavra falada, e é por isso que se diz que o estilo é o homem. Qualquer pessoa que tenha mediana aptidão e leitura poderá escrever, se quiser, se souber aplicar-se, se a arte a interessar, se tiver o desejo de emitir o que vê e de descrever o que sente. Quase todas as pessoas escrevem mal porque não se lhes demonstrou o mecanismo do estilo, a anatomia da escrita, nem como se encontra uma imagem e se constrói uma frase.Meu objetivo é mostrar no que consiste a arte de escrever; decompor os processos de estilo; expor tecnicamente a arte da composição; ministrar os meios de aumentar e ampliar as aptidões do estudioso, isto é, duplicar-lhe e triplicar-lhe o talento; numa palavra: ensinar a escrever quem quer que não o saiba, mas que tenha o que é preciso para o saber. O que se lhe deve mostrar são as frases más que se podem tornar boas, e dizer por que é que elas são más e como se tornam boas. Não compreenderá o que é escrever bem, senão depois de lhe terem exposto o que é escrever mal.A verdade é que é preciso desarticular o estilo e os processos, ir ao fundo, fazer sair o músculo, decompor a sensação e a imagem, ensinar como se constrói um período, mostrar principalmente os resultados que se podem obter pelo esforço, pelo trabalho e pela vontade. Nisso é que está tudo.“Para uma época na qual prevalece a sintaxe obscura, lacônica e monótona, os manuais de Albalat são disparates. Quando linguagem obscena, chavões, solecismos e a maçante narrativa em primeira pessoa — de quem só consegue se espojar, de forma artificial, nas próprias angústias — tornam-se a regra de ouro da literatura, os livros de Albalat são tratados como tolices. [...]Mas, atenção: não tenham medo de seguir no sentido oposto ao do Zeitgeist contemporâneo”.— da apresentação do professor Rodrigo Gurgel.
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