Livro essencial para compreender a onda extremista que vem assolando todo o mundo, em contexto global e local De onde vem essa extraordinária necessidade de crença que em toda parte invariavelmente encontramos no homem? O autor se questiona através do exame de figuras históricas do divino, que vão do Totem ao Povo e ao Proletariado, passando pela Physis dos gregos, pelo Deus dos monoteísmos e encontra no real um motivo para essa propensão irresistível para se alienar ao Outro. O homem é um ser inacabado. Essa falta verificada em sua natureza e evocada por tantos pensadores, de Platão a Lacan, é hoje confirmada pela ciência com a teoria da neotenia, mostrando que o homem, no nascimento, é um prematuro. Por isso é que, para efetuar sua subjetivação, ele precisa inventar seres sobrenaturais nos quais deseja acreditar como se existissem realmente. Mas que acontece quando, tal como hoje, assistimos à morte de Deus – anunciada por Nietzsche há um século? O ser humano, se já não se aliena a um Outro, estaria de agora em diante condenado ao radicalismo desesperado e desesperador dos fundamentalismos, à depressão frente a um mundo dessimbolizado ou à tentação de se recriar, mais bem-acabado, com o apoio das tecnociências? Estaríamos assim, em meio ao caos religioso e ao desalento galopante, em marcha para uma pós-humanidade? Estaria a espécie humana radicalmente ameaçada? São questões cruciais que não podem ser examinadas sem que se articulem campos de conhecimento diversificados: a antropologia, a história, a filosofia política, a estética e a psicanálise.
Filosofia