“Os legumes não são tão vegetativos quanto se poderia pensar. Eles nascem, vivem e morrem. Modestamente, porém, sem que se note, constituem talvez, desde a aurora dos tempos, o encontro mais fecundo entre a natureza e a cultura.” Assim Évelyne Bloch-Dano define sua matéria-prima de trabalho, sintetizada no ensaio A fabulosa história dos legumes, que a Editora Estação Liberdade traz ao público brasileiro.
A autora recorre a uma série de disciplinas, como literatura, artes, música, poesia, cinema história, genética e horticultura, para nos apresentar a história do mundo que incorporamos ao comermos um simples legume — seja ele um conhecido do mercado verdureiro, como a ervilha, ou um ilustre desconhecido nos dias de hoje, como os exóticos tupinambor e pastinaca.
Biógrafa de personagens secundárias mas não menos importantes da história da literatura, Bloch-Dano usa aqui sua experiência como professora da Universidade Popular do Gosto de Argentan, na França, fundada pelo filósofo Michel Onfray, para revelar referências aos legumes tanto na complexa obra literária de Marcel Proust quanto, por exemplo, nas gírias e xingamentos populares da França do século XIX.
A edição também vem acompanhada de pinturas, trechos de livros e poemas e receitas de pratos à base de legumes recolhidas pela autora, na tentativa de devolver o legume ao papel que ele ocupava antigamente na cozinha e na cultura dos povos.