O horror de um período em que homens e mulheres se animalizaram para sobreviver a um mal sem precedentes. Em 1929, Stálin lançou uma política de coletivização da agricultura que expulsou milhões de camponeses de suas terras e os levou a fazendas coletivas. O resultado foi a mais letal fome na história da Europa, conhecida como Holodomor.
Pelo menos 5 milhões de pessoas morreram entre 1931 e 1933 na União Soviética. A região da Ucrânia foi a mais afetada, com mais de 3 milhões de mortos, mas não em decorrência de condições climáticas adversas ou como resultado acidental de uma política catastrófica: o Estado soviético fez uso daquela barbárie para se livrar de um problema político e, em vez de enviar auxílio, trabalhou deliberadamente para exterminar a população Ucraniana, fechando as fronteiras da República e confiscando toda a comida disponível.
Se o estudo da fome de 1933 ajuda a entender a Ucrânia dos dias de hoje, ele também oferece orientação para algumas das atitudes da Rússia contemporânea, muitas das quais seguem padrões antigos. Desde a época da Revolução Russa, os bolcheviques sabiam que eram minoria na Ucrânia. Para subjugar a maioria, eles se valeram não só da extrema violência, como também de virulentas formas de propaganda raivosa.
A Holodomor, extermínio pela fome, foi precedida por uma década do que podemos agora qualificar como discurso de ódio polarizador, um linguajar que designava alguns como leais cidadãos soviéticos e outros como inimigos kulaks, uma classe supostamente privilegiada que precisava ser destruída, de modo a abrir caminho para a revolução do povo.
Essa absurda linguagem ideológica justificou justificou o comportamento de homens e mulheres que promoveram a fome, pessoas que confiscaram alimentos de famílias famintas, policiais que prenderam e assassinaram concidadãos. Ela também lhes propiciou um deturpado senso de justificativa moral e política.
Poucos dos que organizaram a fome se sentiram culpados por isso: eles foram convencidos de que os camponeses que morriam eram inimigos do povo, criminosos perigosos que precisavam ser eliminados em nome do progresso.
História / História Geral