Romance psicológico, introspectivo, intimista e misterioso... vários foram os termos utilizados ao longo do tempo para tentar conceitualizar a obra inclassificável de Cornélio Penna. Todos esses termos que acenam para o privilégio da subjetividade foram forjados, talvez, com o objetivo de contrapor esse escritor à literatura regionalista e social que imperava quando ele estreou. Trata-se, entretanto, justamente, da superação da subjetividade (e, conseqüentemente, da objetividade) em busca de uma sondagem originária do ser, vivida com todos os conflitos da carnalidade e da paixão: a esse caminho, contínua, solitária e verticalmente, o escritor se entrega, no movimento de realização de sua obra, fazendo dela a manifestação de uma luta existencial cujo fim sabe ser inalcançável. Se a angústia é o preço a ser pago por mergulho tão intenso, há que se acatá-la como o destino irrefutável da experiência humana ao se espantar diante dos mistérios da vida. Uma das prosas mais poéticas da tradição brasileira, a ficção de Cornélio Penna se caracteriza por uma construção a um só tempo unitária e mosaical.
Romance / Literatura Brasileira