Encontravam-se no mar há noventa e três dias, dos quais oitenta e um dias e oitenta e uma noites debaixo de água, encerrados num caixão de aço que, munido de uma multidão de instrumentos electrónicos, era movido por um reactor nuclear e estava equipado com armas atómicas e torpedos. Polido, imensamente longo, este monstro mais evocava uma gigantesca serpente do que um submarino. O almirante Lewis Adam afirmava, não sem orgulho, ter-se apaixonado duas vezes na vida: por sua mulher, Mabel, e por este gigante de aço.
Noventa e três dias no mar, oitenta e um dias debaixo de água. Com o som do mar a bater nos flancos do submarino, o ronco das máquinas, o zumbido da ventilação. Com esta obsessão permanente: continuará tudo bem, e se alguma coisa falhasse, se uma peça avariasse? E se um computador destrambelhasse, se um cérebro electrónico “disparatasse”,?Seria aquele monstro realmente uma maravilha da técnica, o mais perfeito submarino que alguma vez andara no mar? Ou acabaria como uma cobaia na qual se decide praticar uma vivissecção a fim de que os peritos possam constatar a evolução da doença inoculada?
Oitenta e um dias debaixo de água. Sem sol, sem vento, sem ar fresco
Romance