No livro 'Augusto Meyer - Ensaios escolhidos', recolhem-se alguns, dentre os centenas que o autor deixou para a posteridade, dos mais brilhantes ensaios sobre literatura escritos no Brasil no século XX. O gaúcho Augusto Meyer (1902-1970) começou como poeta e, como poeta, é autor de um livro 'Poemas de Bilu' (1929). Dois ou três anos depois de publicá-lo, fez um voto de não mais escrever poesia, voto que felizmente rompeu no fim da vida, para nos dar pouco mais de uma dúzia de belíssimos poemas. Seu livro 'Segredos de infância' (1949) colocou-o entre os grandes memorialistas brasileiros. Como ensaísta, e dos maiores que jamais tivemos, não escondia que, entre seus temas prediletos, estavam Machado de Assis, a quem dedicou, em 1935, um livro luminoso, hoje clássico na edição ampliada e enriquecida de 1958, Camões, sobre cujos versos se debruçou apaixonadamente, e os autores e as tradições do Rio Grande do Sul, que conhecia como poucos, e que resumiu numa obra que não pode faltar na estante do estudioso, o 'Guia do folclore gaúcho' (1951 e 1975). Seu campo de interesse era, porém, amplíssimo, e disso nos falam os textos incluídos neste volume, que vão de Homero a Manuel Bandeira, da Rússia a Porto Alegre, de Heine a Castro Alves, sem esquecer Shakespeare, Almeida Garrett, Eça de Queiroz e Rimbaud, sobre cujo poema 'Bateau Ivre', escreveu um pequeno livro, com o mesmo nome, definitivo. Não faltam em nenhum desses ensaios o poeta, o scholar exemplar e o fino crítico literário que se somavam em Augusto Meyer. Cada uma de suas páginas é uma lição de como escrever prosa. Dada por quem sabia de verdade ser conciso, sem deixar de ser profundo, nítido e harmonioso.