Michel Leiris (Paris, 20 de abril de 1901 — Saint-Hilaire, 30 de setembro de 1990) foi um escritor, etnólogo e crítico de arte francês, ligado aos escritores surrealistas. Foi também "sátrapa" do Colégio de 'Patafísica.
Paris (1901-1990). Antropólogo e bacharel em Filosofia. Frequentou os círculos surrealistas, movimento a que formalmente aderiu em 1924, juntamente com André Breton e Georges Bataille. No entanto, desliga-se rapidamente desta paixão da juventude, dirigindo para a antropologia e para a etnografia os seus interesses e de onde surgirão os seus fundamentais contributos. Já nestes novos caminhos assume, em 1929, com Marcel Griaule, a secretaria de redacção da revista de arte e etnografia Documents, dirigida por Bataille. Pouco depois, é oficialmente nomeado secretário-arquivista e investigador da Missão Etnográfica e Linguística Dacar-Djibuti. No regresso desta longa viagem (1931-33) é nomeado responsável pelo Departamento da África Negra no Trocadéro. Desta experiência africana resulta a publicação do seu primeiro livro de relevo, L’Áfrique Fantôme, em 1934, que combina, originalmente, um estudo etnográfico com o seu projecto autobiográfico, quebrando, assim, com o estilo tradicional da disciplina. Nesse mesmo ano torna-se etnógrafo do Museu do Homem, em Paris, onde se mantém até 1971. Em 1943 torna-se ainda investigador no Centre Nacional de la Recherche Scientifique (CNRS), na capital francesa, do qual será seu director a partir de 1968. Leiris mantém sempre uma estreita ligação às questões políticas, nomeadamente às coloniais, como prova a sua ida, em 1945, à Costa do Marfim em denúncia do esclavagismo nas colónias francesas, ou a sua activa participação no comité editorial da revista Les Temps Modernes, dirigida por Sarte. O etnógrafo envolve-se ainda na questão argelina e é um dos primeiros signatários da Declaração pelo Direito à Insubmissão na Guerra da Argélia, de 1960, um manifesto de apoio à luta contra o poder colonial na Argélia. O envolvimento político irá ainda ser determinante nas suas reflexões, como o texto “O etnógrafo perante o colonialismo”, sobre a relação entre o etnógrafo, o país colonizado e o necessário desvirtuamento do estudo científico decorrente dessas relações de autoridade. Michel Leiris tem dezenas de livros publicados: estudos etnográficos, ensaios políticos, biografias e poesia.