A história de Pedro e sua família é contada em pequenos capítulos, que no clima de secura, de diálogos entrecortados e sentenciados por pontos finais, enredam a vida de uma família sustentada nas veias do patriarcado. O ambiente familiar é antigo, restrito aos limites das crenças e sujeito aos olhares das censuras religiosas, as quais envolvem as pequenas histórias, que se dividem para abranger cenas diversas que caracterizam o mundo interno da família de Pedro. Começando a obra com a chegada do narrador ao seio familiar de Pedro a história se segue com marcas profundas de distanciamento nos relacionamentos dos personagens, a morte, o descaso, as censuras, o autoritarismo. O desprovir de recursos financeiros também é um dilema enfrentado por esta família, Pedro, o filho, tenta orientar-se neste universo, entender o porque de alguns preconceitos, do julgamento, das ordens que para ele não fazem sentido, o menino, entretanto, segue, nas relações frívolas, aceitando a sina do seu destino, observando, vivendo. Com recursos estilísticos esbanjando pontos finais, a autora desenvolve pequenos diálogos dos personagens, que ao mesmo tempo que esteticamente demonstram a limitação do envolvimento afetivo dos caracteres, também exibem as crenças e os dilemas de um povo fadado ao isolamento e sofrimento.
Contos / Ficção