Quase setenta anos depois de ser lançado, este primeiro livro de prosa de Manuel Bandeira volta às livrarias em edição independente do volume de obras completas, com organização, posfácio e notas do pesquisador Júlio Castañon Guimarães, e marca o início da publicação da obra em prosa de Manuel Bandeira pela Cosac Naify.
Publicado em 1937, o livro revelou um cronista que até hoje corria o risco de ficar escondido na sombra do grande poeta que se firmara desde pelo menos a publicação de Libertinagem (1931). Ainda hoje, essas 47 crônicas surpreendem: mais que um saboroso livro de prosa, os textos compõem um retrato muito agudo da modernização da sociedade brasileira da primeira metade do século XX.
O volume impressiona tanto pela diversidade quanto pela unidade de tom que o autor buscou para retratar o que ele chama de "província do Brasil". Os diversos tipos de crônica mostram os contornos maleáveis do gênero: desde um estilo que se aproxima do ensaio erudito até a "conversa fiada literária", meio lírica, meio anedótica, já antecipando o estilo que acabou por marcar a obra dos grandes cronistas do país.
Mesmo com tamanha diversidade - arquitetura, artes, cultura popular, personalidades - o livro mantém a unidade no conjunto, justamente pela prosa coloquial e corretíssima de Bandeira, que faz das Crônicas da província do Brasil "companheiro inseparável de todo homem de bom gosto", como escreveu o crítico Antônio Cândido.
Crônicas / Literatura Brasileira