Os problemas de personalidade que os nossos pacientes nos trazem nos nossos consultórios, têm uma estrutura bastante complexa, com uma grande mistura de comportamentos, cognições e processos intra e extra psíquicos. Mais ainda, todos estes processos no mesmo paciente, estão associados à vivências que retro-alimentam e desenvolvem a "queixa principal", em configurações extremamente dinâmicas e mutáveis. O diagnóstico, e isto é uma queixa histórica até hoje, por si só tem um caráter apenas orientativo e não determinativo para propósitos terapêuticos. Os transtornos de personalidade, e especificamente para o transtorno depressivo da personalidade, são intrinsecamente multideterminados e sistêmicos. A "arte" do terapeuta diante do seu paciente é elaborar um "constructo" tal que seja tão complexo, potencialmente, como a própria personalidade. Esta criatividade terapêutica, deverá , sem dúvida, vir alicerçada nas novas descobertas, tanto a nível farmacológico e psicoterapêutico, como da sensibilidade e entrega do terapeuta.
Por outra parte, o livro quer mostrar que todo o fundamento filosófico e prático da Medicina Tradicional Chinesa gira em torno da manifestação e equilíbrio do processo energético: O Yin e o Yang. As sincronicidades energéticas do Zang e o Fu, para reestabelecer a saúde do paciente. Assim como a percepção de que os processos mais fisiologistas da medicina ocidental, não podem fugir nem escapar, muito menos desconsiderar, este princípio universal.
“Nem tudo pode ou deve ser curado. É freqüente que obscuros problemas morais ou inexplicáveis complicações do destino, se ocultem por trás de uma neurose. Às vezes eles (os processos tidos como doença ) põem o agente de cura diante de enigmas quase insolúveis , ou lhe provocam tormentos que podem atingir ou ultrapassar o limite do suportável... Por vezes as ciências da saúde tem deixado reconhecer durante muito tempo que a alma pertence aos fatores etiológicos da patologia. A ignorância certamente nunca foi uma recomendação, mas muitas vezes o maior saber é suficiente”.
C.G. Jung. Obras completas. Vol.XVI. págs 242-243. par. 463
“Realmente, e às vezes infelizmente, as abordagens terapêuticas , vão depender da postura doutrinal, ainda hoje muito variada, nos campos nosológicos e etiopatogênicos da depressão. Nenhuma (das abordagens terapêuticas) é satisfatória, nem existem marcadores claros de diagnóstico nem etiopatogênicos. A serotonina já tem dado muito de si, e sem dúvida, com ela não temos chegado ao final. Nem com as aportações da perda do objeto,... Em relação aos métodos complementares de estudo e diagnóstico, estes, poderão nos servir na busca de novos “achados”. No terreno da psicopatologia tem acontecido um claro uso-abuso de escalas e questionários, no lugar de uma autêntica aplicação semiotécnica dos fenômenos psicopatológicos”.
Afonso Chinchilla Moreno. “Tratamiento de las depresiones”
(Tradução do autor)
Medicina e Saúde / Psicologia