"Berta, abro este diário com seu nome. Dia a dia escreverei o que me suceder, sentindo que falo com você. Ponha sua mão na minha mão e venha comigo. Vamos percorrer mil quilômetros de picadas pela floresta, visitando as aldeias índias que nos esperam, para conviver com eles, vê-los viver, aprender com eles." Assim começam os diários de campo nos quais Darcy Ribeiro, entre 1949 e 1951, anotou o que viu e ouviu nas duas expedições que fez às aldeias kaapor, na fronteira entre o Pará e o Maranhão. Toda a riqueza cultural desses índios está registrada aqui - com o auxílio de um belíssimo material iconográfico - de maneira simples e apaixonada. Ouvimos, junto com o jovem e entusiasmado Darcy, a descrição que os índios fazem de seus costumes, de seus antepassados próximos, de suas origens míticas. E, à medida que nos envolvemos com o relato, vamos nos dando conta, com uma clareza cada vez maior, da grande perda que representa para todos nós a destruição violenta dessas sociedades.
História do Brasil