Para o autor deste ensaio, a própria concepção teórica de Freud parece refutar a sua firme negação da possibilidade histórica de uma civilização não-repressiva. Opondo-se às escolas revisionistas neo-freudianas, afirma que a teoria de Freud é "sociológica" em sua substância, que o "biologismo" é teoria social numa dimensão profunda, e que, portanto, nenhuma nova orientação cultural ou sociológica é necessária para revelar essa substância. Admite ainda, que as próprias realizações da civilização repressiva parecem criar as precondições para a abolição da repressão e transformação da sociedade. Num candente prefácio político escrito em 1966 para a nova edição deste livro, Herbert Marcuse destaca o fato da moderna sociedade industrial depender cada vez mais da produção e consumo do supérfluo, do obsoletismo planejado e dos meios de destruição. Localiza o "inferno" nos guetos da sociedade afluente e nas áreas cruciais do mundo subdesenvolvido, e interpreta a propagação da guerra de guerrilhas no apogeu do século tecnológico como um acontecimento simbólico: a energia do corpo humano revolta-se contra a repressão intolerável e lança-se contra as máquinas da repressão.
Filosofia / Psicologia / Sociologia