As elites dirigentes e os meios de comunicação de massa da Venezuela e dos Estados Unidos simplificam demais quando apresentam Chávez como o herdeiro de Fidel Castro e, não raras vezes, divulgando informações errôneas a seu respeito. A verdade é mais complexa, e mais interessante.
O líder de um dos países com maior potencial energético da América Latina está determinado a tentar usar a riqueza de seu país para ajudar a maioria pobre. O Chávez que surge do relato de Jones não é nem um santo imaculado e nem um tirano revolucionário. Ele é um mestre do jogo político - eleito presidente por três vezes -, um improvisador talentoso, um nacionalista bolivariano e um socialista confesso.
Suas políticas o colocaram em rota de colisão com o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, com as grandes empresas de petróleo e com a Casa Branca de Bush. No momento em que compareceu às Nações Unidas, em setembro de 2006, Chávez já havia se tornado figura de destaque no cenário internacional. Quando declarou: "O demônio veio aqui ontem... o presidente dos Estados Unidos", ficou claro que, para o bem ou para o mal, um homem se levantava a fim de enfrentar o poderio do país mais forte da Terra, imitando conscientemente o Libertador Simón Bolívar.
O desafio aos Estados Unidos; a atuação no conflito armado entre o governo colombiano e as Farc; a aproximação com o presidente do Irã, Ahmadinejad; o fomento de núcleos de oposição aos EUA; a não renovação da licença da maior rede de TV do país; a nacionalização das companhias; a dissolução do parlamento - estes são alguns dos episódios contados integralmente neste livro.