Este livro analisa os principais episódios desafiadores vividos pela economia brasileira, ligados à inflação e enfrentamento de crises, desde a reforma do PAEG até a reação à crise de 2008. Antes da reforma monetária de 1994 a inflação no Brasil era uma história sobre a inércia; o descontrole monetário; e a dominância fiscal. As reformas do PAEG pareciam ter rompido com o descontrole inflacionário, mas foi cometido o erro de buscar a convivência com a inflação, usando a indexação para neutralizar seus custos. O governo sucumbiu à crença de que o combate à inflação se fazia com políticas de rendas - os controles de preços - e não com o controle monetário. Naqueles anos a dívida pública não crescia aceleradamente, dando a ilusão de que a inflação não tinha causas fiscais, mas ela somente não crescia porque a expansão monetária financiava automaticamente os déficits públicos. Tivemos que passar por vários experimentos heterodoxos, até que a reforma monetária de 1994 levasse ao controle da inflação. O Brasil enfrentou várias crises. A reação à crise de balanço de pagamentos dos anos oitenta acentuou a indexação cambial e a inércia. Depois da reforma monetária de 1994 o Brasil superou o contágio das crises do México e do Sudeste Asiático, mas a âncora cambial não resistiu ao contágio da crise russa, sendo abandonada em 1999. Em seu lugar surgiu o regime caracterizado pelo "tripé": com as metas de inflação; metas de superávits primários; e câmbio flutuante. Foi neste regime que o Brasil superou a maior de todas as crises do pós-guerra, a de 2008. Mas a partir desse ponto voltou a acumular erros. Ocorreu o afrouxamento do compromisso com a meta de inflação; piorou a qualidade da política fiscal; e o governo foi contaminado pelo vírus do "medo da flutuação". Com isso reapareceram desequilíbrios importantes que levaram ao baixo crescimento, com forte penalização da indústria; a inflações elevadas mesmo com preços reprimidos; e a um déficit em contas correntes a espera de redução.