Antes do fim é o livro de um homem triste. Velho, quase cego, distante dos livros e das pessoas que mais amou, Ernesto Sabato faz um belo e amargo apanhado dos fatos fundamentais de sua existência. Reúne imagens dispersas no tempo, organiza lembranças e reflexões, procura a cor do que se estampou na memória, refaz seus trajetos e compõe este testamento espiritual.
Um de seus legados é a certeza íntima de que "a razão não serve para a existência". Com efeito, a vida de Sabato foi palco de paixões e rupturas, de contradições e buscas - regidas pelo senso de liberdade e pelo rigor ético.
Mas o relato vai além da esfera pessoal. O autor de O túnel fala em tons sombrios do mundo moderno, tempo de crise em que a suposta "luz da ciência" parece levar o homem a um abismo de abstração e treva.
Em meio à desilusão, Sabato encontra esperança nos jovens. Dedica-lhes o livro e, numa lição apaixonada de humanismo e liberdade, conclama-os, de certa forma, à solidariedade e à resistência: "A maior nobreza dos homens é a de erguer sua obra em meio à devastação".
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