Guerra dos Balcãs

Guerra dos Balcãs John Reed


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Guerra dos Balcãs





Historiadores e jornalistas consideram este livro um dos melhores retratos da Primeira Guerra Mundial, um livro essencial sobre os Bálcãs, um dos textos com o qual John Reed ajudou a inaugurar o jornalismo moderno. Segundo livro de sua curta vida (faleceu aos 33 anos), nele Reed mostra um mundo desabando, mostra os limites da barbárie de uma guerra no calcanhar da Europa. .



Ponto de partida para uma profunda reflexão sobre o real significado da guerra, Guerra dos Bálcãs é fulminante ao apresentar a guerra como ela é. E Reed vai além, tomando partido contra a guerra. Em cada linha olhamos através do autor os fatos, o cotidiano de um mundo em transe imposto pelos interesses das potências militares. Em vários trechos encontramos semelhanças nas atuais atrocidades contra Kosovo.



Em suas págimas demonstra o fim dos sonhos otimistas da civilização européia do século XIX. "Era extraordinário como essas pessoas, acostumadas com uma vida confortável na Europa civilizada e pacífica, adaptavam-se sem assombro a condições medievais de viagem", surpreende-se John Reed no início. Mas ele irá se surpreender ainda mais depois, conforme avança na "viagem", com outras mostras de adaptabilidade, cinismo e loucura calculada. Esta é uma estranha reportagem de guerra. Ao contrário das tradições, não se encontrará aqui descrições épicas de grandes batalhas, nem heróicos generais tomando suas decisões históricas. Reed vai para os lugares onde se amontoam os refugiados, os desertores, os espiões e, é claro, os comerciantes. Gente que quer aproveitar as oportunidades, e aquela maioria que quer apenas uma oportunidade de sobreviver. Alemães fingindo-se italianos, austríacos com chapéu tirolês fingindo-se turcos, patriotas gregos sonhando com a América, hadjis muçulmanos, carpinteiros italianos, eunucos, enfermeiras inglesas insensatas, jornalistas frustrados com os momentos de paz, dervixes dançantes, oficiais russos, pescadores saídos das Mil e Uma Noites, pilotos franceses, rabinos, soldados ingleses, búlgaros, sérvios, albaneses se misturam aos fantasmas dos sarracenos, cruzados, hunos, romanos, fenícios, venezianos, normandos e outros que dominaram a região em tempos antigos. Chapéus-coco, chapéus cônicos, pontudos, quepes, turbantes, fez, panamá, xales, véus. Botas, tamancos, soldados gregos com delicados sapatos com pompons, e ciganas que dançam descalças. As cores: faixas e fitas vermelhas, verdes, amarelas, com as quais se enfeitam as roupas de diferentes desenhos e de diferentes cores. Tal qual as estrelas que antes de desaparecerem exibem suas luzes com mais força, aqui são as culturas milenares que mostram suas cores mais vivas justamente no momento em que estão para ser todas tragadas pelo cinza da guerra moderna.



E John Reed vê os canhões imporem sua cor a tudo. Ele dá voz a soldados que já nem sabem com certeza de que lado estão na luta depois que seus uniformes desbotaram na seqüência de tantas guerras. Tudo fica cinza. As cores que justificaram o início das guerras deixam de existir. "A própria cidade está morrendo", diz John Reed. "Em pouco tempo não valerá a pena travar uma guerra por Salônica."

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editou em:
07/02/2018 01:24:06