O tranquilo vilarejo de Colebrook, na costa de Kent, foi escolhido por Joseph Conrad como cenário para contar uma história de inquietude e obsessão.
“Amanhã” reúne todos os ingredientes de uma típica trama conradiana: um egoísta exasperado e obsessivo, Hagberd, e uma altruísta de coração simples e nervos um pouco frágeis, Bessie – por motivos distintos, os dois não conseguem se opor às ações de Harry, filho do velho Hagberd, que, com sua vitalidade quase animal, serve como verdadeiro elemento de ruptura.
Neste drama de incompreensão e violência é notável a atitude quase simpática do autor em relação a Bessie: a delicadeza com que o escritor sugere os sentimentos complexos, mas substancialmente não exprimidos, da jovem (em primeiro lugar, a necessidade de amor) não é muito frequente na produção de Conrad que, neste conto, coloca o foco com eficiência sobre a análise da vida e da psicologia das pessoas aflitas por falsas esperanças e ilusões totalizadoras, fruto de imaginações doentias ou desejos reprimidos.