Me chamo Maurice Decques. Sempre vivi em Paris, no mesmo bairro, como antes de mim viveram meu pai, meu avô, meu bisavô e o pai dele. Papai era comunista, mamãe anarquista, o mano socialista. Forçosamente, eu fui um pouco dos três.
Aos dez anos me safei de uma escola pra meninos doentes, aos vinte desertei da marinha, aos vinte e cinco casei com Grenichka, mas nosso amor dançou depois do assassinato de dois peixinhos vermelhos...
Há trinta anos procuro colar novamente os pedaços, juntando as migalhas da minha história dispersa. Hoje, livre do peso da seriedade, sou um homem frívolo, um artista do music hall. Se eu não existisse, seria preciso me inventar.