Lauraa Machado 24/02/2021
O começo é muito bom, o final é anticlimático demais
Foi a capa que me fez querer ler este livro, admito. É essa capa, aliás, que guarda uma boa parte do meu amor pelo livro. Esta e a do próximo. Além disso, só de ser sobre "piratas" e navios, eu já estava interessada. Tenho um fraco enorme por livros dessa temática e eu já amava o livro antes mesmo de comprar. Mas aí vi várias resenhas negativas e acabei ajustando minhas expectativas antes de começar a ler.
Ainda bem que eu vi essas resenhas, senão essa teria sido a pior decepção da minha vida de leitora. Pela capa e pela sinopse, eu estava esperando ficar completamente rendida pela trajetória da Fable, pelo romance e pela quantidade de ação que jurava que ia encontrar. Não é um livro ruim exatamente, eu consegui me conectar muito fácil à personalidade da Fable e seus problemas, estava constantemente torcendo por ela e pegando mais ranço de quem não a ajudava do que ela. Além disso, seu interesse romântico é bem atraente, tanto pela sua posição na história em relação a ela, como pela sua personalidade.
Além disso, a escrita da autora é muito boa e flui muito bem. Li quase que de uma vez, de tão embalada que fiquei. Estou, aliás, bem interessada em seus outros livros por isso. Mas Fable tem problemas bem complicados que eu não posso deixar de mencionar. E estou falando do livro, não da protagonista.
Os dois primeiros terços do livros são muito bons! Muito mesmo! Já estava planejando dar cinco estrelas e vir aqui contar como me disseram que eu não ia gostar e acabei amando. Mas aí o último terço começa e tudo desanda de uma forma tão absurda, que eu nunca esperaria isso de um livro escrito por uma autora profissional e experiente e publicado por uma editora grande.
Tudo que foi construído antes dessa última parte, todo o potencial do livro, de perigo, de tensão, de reviravolta, é desperdiçado completamente. Completamente! A partir de certo ponto, tudo dá certo fácil demais, não tem nenhum problema, ninguém indo contra, ninguém nem dificultando nada. No começo do livro, eu estava imaginando as coisas mais mirabolantes possíveis, porque a própria história criou esse espaço e essas ramificações para o que a Fable conhecia como verdade. Isso só me deixou ainda mais animada para ler, devorando as páginas só pela ansiedade do que eu sabia que viria e destruiria a minha vida.
Não veio nada. Nada de ruim, nada de importante, nada de difícil. Parece que o último terço foi escrito por uma pessoa bem mais nova e amadora, que faz tudo dar certo só porque tem medo de lidar com as consequências de criar problemas para os personagens. O livro não tem clímax, não vai criando tensão e crescendo até chegar a um pico, não dificulta nada na vida da Fable e nem tem alguma reviravolta com impacto o suficiente para valer o final. O único jeito de ser mais anticlimático seria se tivesse um clímax que se resolvesse fácil, mas nem isso tem. Faltavam ainda umas oitenta páginas quando eu comecei a ficar com a sensação de que tudo daria errado logo, mas nada deu. É tudo ideal e fácil demais para um livro comum, mais ainda para um livro como esse, em que a Fable já tinha sofrido e passado por coisas bem ruins.
O pior ainda foi o final, o último capítulo. A autora fez uma última tentativa desesperada de criar uma reviravolta, mas sem ter a tensão, sem ter dificuldades e problemas antes, não consegui me importar com o que aconteceu. Estava ocupada demais tentando entender como tinham deixado um livro desses ser publicado sem ao menos ter um único clímax e situação importante no final. Alguém me explica? O jeito que foi cortado nem encaixou tão bem, parece que arrancaram as últimas páginas ou dividiram um livro que não devia ter sido dividido.
Ainda vou ler o segundo, tenho algumas esperanças de que seja bom, mas já percebi que todo aquele potencial para coisas fantásticas e de tirar o fôlego que o começo tinha não será levado a lugar nenhum. Vai ficar por isso mesmo. Mas o começo ainda parece ter sido escrito por outra pessoa, então espero que a autora dele volte para o segundo livro. Quem sabe eu não me surpreenda dessa vez? A esperança é a última que morre, né?