Resenhas - Canção Para Ninar Menino Grande

Olgashion 13/03/2024

A história de Fio Jasmin contada a partir do recolhimento de histórias da sua última amante, Juventina. Como as mulheres de Fio, se portaram depois de serem agraciadas com a presença daquele homem

myhtuck 13/03/2024

Fio Jasmim, embora não tenha sido o princípe que queria, foi o príncipe para muitas mulheres que passaram por sua vida. Deixa amores e filhos para trás. Um homem lindo, que nunca chega a se tornar adulto e, para ser ninado, precisa de uma canção. Se engana quem acha que o protagonista da história é um homem.

?No entanto, a lição de cunho mais severo e doce que Fio Jasmim aprendeu foi com uma mulher. Uma mulher a quem ele nunca cortejou. Com ela, aprendeu que o homem podia, sim, verter em lágrimas suas dores e sua perplexidade diante da vida, diante do mundo.?

Nota: 4/5

Bruna França 11/03/2024

Nunca tinha lido nada de Conceição Evaristo e tive uma grata surpresa. O livro é escrito em uma estrutura de capítulos que parecem contos e cada um fala de uma mulher da vida de Fio Jasmim com começo meio e fim da sua participação na vida dele. Um ?homem macho? viril, gabola que se vangloria de ter uma mulher a cada parada da locomotiva, colocando sua semente no solo fértil delas, deixando pra trás na maioria das vezes filhos e corações partidos. Depois de muitos anos se esvaziando no corpo dessas mulheres Fio se vê vazio, um vazio que não pode ser preenchido e que pode ser resultado de uma vida de abandono. Ele é o fio que tece e entremeia a vida dessas mulheres. Acho que no fim todo homem é meio menino. Todo ele precisa de colo e de uma música de ninar que toda mulher sabe cantar.

Fernanda4153 11/03/2024

Absolutamente incrível. nunca havia lido algo assim.
foi um ACONTECIMENTO fazer esta leitura. impecável! uma literatura completamente artística e reflexiva. dolorido, mas sagaz, emocionante e necessário. 5 ??

eusiiil4 11/03/2024

??foi preciso o encontro com Eleonora, foi preciso uma amizade com ela, para que Fio Jasmim compreendesse que a vida não se resumia no encaixe do entremeio de pernas de um mancho com o entremeio de pernas de uma fêmea??


canção para ninar menino grande, é no mínimo desafiador e intragável por infinitas vezes ao decorrer da história. é complexo/intenso ler sobre o amores rasos e objetificação do corpos femininos que só servem pra satisfazer o prazer masculino e procriação, principalmente quando é reforçado a normalização da falta REAL de responsabilidade afetiva que os homens ainda acham que?tem direito ? sobre corpos femininos.

por vezes achei que não tava gostando do livro (e ainda não sei se gostei) exatamente pela superficialidade com que histórias de amores feminino são expostas.
mas será que poderia ser diferente? se fosse, seria assim bem irreal? sei lá.


denso.

Bela 10/03/2024

Canção, poema, realidade
Essa é a primeira obra que leio de Conceição Evaristo e fiquei encantada com a prosa poética que ela fez nesse livro. Amei o foco nas personagens mulheres, apesar do protagonista ser um homem, Fio Jasmim. A cada capítulo fui me encantando cada vez mais com sua delicadeza descritiva das cidades, das personagens femininas e das situações em que Fio se intromete.

?Queremos ser cúmplices e testemunhas das histórias de amor, enquanto vivemos as nossas. Uma paixão também ameaça em meu peito...?

Parkinho 08/03/2024

"Dores não vazam dos olhos dos homens".
O que falar da Sra Conceição Evaristo?!


Por mais que o protagonismo seja entendido que seja de um personagem masculino, ah... Ledo engano! Aqui tudo é visto pela lupa, pela visão das mulheres que passam pela vida do Fio Jasmim...

Conceição Evaristo dá forma àquilo que é latente. Esse livro materializa questões sentimentais e de relacionamento que vi ao meu redor, ao longo da vida. Há um pouco de Fio Jasmin em muitos homens que vi passar. Há um pouco dele em mim.

Há muito de todas as mulheres do mundo nesse livro, em todas as mulheres aqui retratadas.

Na parte final, entendemos mais sobre o Fio Jasmim e sua postura perante o mundo, há reflexões interessantes, para mim foi um olhar que eu ainda não tinha tido contato na escrita.

Criadora de mundos, Conceição manipula a linguagem de tal maneira que nos conduz através da história sem ser excessivamente didática e sem despreocupar da forma, apesar a importância do conteúdo. Conceição é mestre, doutora, é escritora. Como diria o samba da Beija-Flor de Nilópolis:

"Versos para cruz, Conceição no altar
Canindé, Jesus, oh, Clara!
Nossa gente preta tem feitiço na palavra
Do Brasil acorrentado ao Brasil que não se cala"

Conceição no altar!

Eitalizandra 07/03/2024

Romance em forma de poema
O jeito que essa mulher escreve meu deuuuuus, tudo para todos. A história em si, não me prendeu tanto, mas a maneira como Conceição escreve é linda demais.

gabe 06/03/2024

Uma virilidade forjada na dor da rejeição, que fez com que o homem mais cobiçado escondesse seu vazio em inúmeras relações. O belo e sedutor Fio Jasmim, apesar de estar no centro da narrativa, não será o narrador das aventuras que vivencia, e sim as mulheres que o conheceram. Jasmim é o fio condutor do enredo nos vários cenários e situações vividas junto às “suas” mulheres. Numa narrativa de perspectiva afro-gendrada, como esta, o homem é o centro, mas também o alvo.
Distante da figura do herói, o personagem representa as contradições do universo masculino, socializado desde a infância para aceitar pensamentos e ações sexistas. Com o pai e com outros mais velhos, aprende a ter orgulho de sua virilidade, tornando-se parte da engrenagem de dominação masculina naturalizada socialmente através da reprodução incessante de valores e comportamentos.
O trem que conduz é “de ferro” e, como tal, “come os trilhos” a modo de máquina implacável. Coincidência? Tal como o pai procriador e ausente, o jovem segue a cartilha da masculinidade tóxica que marca igualmente a identidade polígama de seus companheiros de trabalho. E tal como o trem, que em cada estação deixa e recebe pessoas e coisas antes de seguir viagem, o belo jovem também se faz “de ferro” nos corpos das mulheres que cruzam seu caminho.
E novos nomes surgem e desaparecem capítulo após capítulo – Neide, Angelina, Dalva, Aurora, Antonieta, Dolores... – restando apenas Juventina, a jovem amante, e Pérola, a esposa. O machismo estrutural contrasta com a multiplicidade feminina, aqui a mulher é uma história, tem seu lugar e escolhas. Umas se envolvem com Fio Jasmin por romantismo, outras por que querem. A polifonia de vozes femininas, fruto da experiência própria ou alheia, alerta sobre os riscos do sexo sem compromissos, do prazer seguido do abandono.
O fato é que, sem perder de vista a ternura, o poético e o erótico, marcas registradas de seus escritos, Conceição Evaristo denuncia e questiona o patriarcado, apresentando a questão como um problema que passa necessariamente pela cultura machista. Afinal, como ocorre com as mulheres, os homens não nascem homens, mas são feitos homens pelo arbítrio cultural transformado em natural. E Fio Jasmim mantém a “ordem do mundo”, preso ao estigma de ser macho, ao não revelar fraquezas, engolir o choro e renegar qualquer sentimento menos másculo, como a dor e a tristeza. Os benefícios do patriarcado têm um preço, e um dia ele terá que pagar.

Gabriele 05/03/2024

O menino grande & O Encontro
Esse livro me faz pensar no peso que há no encontro. O personagem Fio Jasmim é revelado a medida que se encontra com outras mulheres. As experiências delas ditam a trama, e de certa forma, constroem a realidade de Fio. A autora possui uma escrita extremamente cativante. Para mim, a sua Escri-vivência é uma expressão clara da linguagem como ponte para dizer como as coisas foram e como elas poderiam ser. Livro lindo e muito sensível.

Bernardo156 05/03/2024

Sobre mulheres fortes
Cara, que livro bom viu. a escrita da Conceição é ótima (pretendo ler mais coisas dela, inclusive) e uma delícia de ler. a história conta sobre fio jasmim, um menino grande, irresponsável, que trata mulheres como troféus a serem conquistados. para cada mulher, uma história. todas as mulheres com vidas difíceis, mas fortes para aguentar. desde crescer sem figura paterna, até "adotar" a irmã mais nova, foram ações de mulheres no livro, que mostraram sua resistência. a forma com que a autora mostra como a mente de um homem funciona quando pensa em uma mulher é sensacional, frágil mas bem direta. Conceição, além de falar das mulheres, fala dos homens também, fala sobre como a esteriotipagem em cima do homem, e a expectativa, geralmente baseada em crenças machistas, que os outros tem nele, podem sim influenciar em sua forma de agir. fio jasmim, ao longo da história, percebe que não é completado pelas tantas mulheres que fica, percebe um vazio dentro de si que não sabe como preencher.
ela também fala bastante sobre memória, algo que é desenvolvido pela autora. num geral, excelente. gostei bastante.

Tacy 05/03/2024

História de mulheres..
Uma leitura não tão leve, mas fluída e com muito espaço pra imaginação, risadas e até indignação.
Em cada cidade uma mulher com uma história que começou antes e continuou depois de Fio Jardim.
Em cada mulher uma história.
O protagonista, um homem impregnado pelas tradições antigas e machistas sobre o ser homem, um personagem que conecta as histórias das mulheres das cidades por onde ele passa...com o peito cheio de um vazio, que só muito depois ele percebe que não sabe como preencher, como se ver livre desse vazio... um personagem que, assim como o trem é passageiro, não firma história num lugar só.
Vale muito a leitura! Para se deliciar com as maravilhosas mulheres e se irritar com esse homem que atravessa o caminho delas..

fishhfive 03/03/2024

"Canção para ninar menino grande"
Esse livro foge um pouco da expectativa que se cria ao iniciar um livro da conceição, mas enquanto você vai andando pela história, conhecendo a narrativa é possível perceber o que ela queria, retratar uma teia de mulheres conectadas por um fio, Fio Jasmin é um homem que passa sem apego pelas vidas e corpos de várias mulheres, mas que em cada momento da história a autora morde e assopra, ou seja ao mesmo tempo que ela acolhe a história de Fio, ela mostra o quão ruim ele pode ser na vida das que foram retratadas. Dei 5 estrelas para o livro pois além do enredo a escrita da Conceição é maravilhosa, a forma com que ela traz esse conceito de escrevivência é incrível, leria de novo 1000 vezes ?

Viviane.Bessa 03/03/2024

Canção de dormir profundo
Livro muito importante para se pensar a perspectiva do amor de um homem negro. Tal como Bell hooks, conceição Evaristo constrói um enredo de tecitura de afetos pela busca de si, em que o amor emerge de experiências de (dês)afetos passados e lança por sobre o outro o desejo de se amar.

História envolvente, instigante e propulsora de desejos pensantes.

Max 03/03/2024

Amar é uma dor?
A autora, de minha cidade, discorre sobre o efeito que um homem, dito viril, macho típico, no sentido pejorativo mesmo, pode semear, por onde passa, insensibilidade, sexo, desilusão e... filhos, aos montes.
Da mesma maneira que acha que dando a elas, muito prazer e ilusão, estará reafirmando a força de seu gênero, seu poder.
O que se depreende disso tudo é que evidentemente sua fragilidade, insegurança, vazio, não poderá jamais ser preenchido com o que verdadeiramente importa, o amor por si mesmo, impedindo-o assim de espalhar o que de fato dá sentido a vida, a compaixão e o amor!