Boitempo

Boitempo Carlos Drummond de Andrade




Resenhas - Boitempo


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umafacasolamina 21/10/2024

Dois rumos
Mentir, eis o problema:
minto de vez em quando
ou sempre, por sistema?

Se mentir todo dia,
erguerei um castelo
em alta serrania

contra toda escalada
e mais ninguém no mundo
me atira seta ervada?

Livre estarei, e dentro
de mim outra verdade
rebrilhará no centro?

Ou mentirei apenas
no varejo da vida,
sem alívio de penas,

sem suporte e armadura
ante o imério dos grandes,
frágil, frágil criatura?

Pensarei ainda nisto.
Por enquanto não sei
se me exponho ou resisto,

se componho um casulo
e nele me agasalho,
formando o resto nulo,

ou adiro à suposta
verdade contingente
que, de verdade, mente.
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maria1691 18/04/2024

Leitura pesada, demorada e cansativa. Demorei muito tempo para ler esse livro justamente por ser tão cansativo, mas consegui.
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Arthur 16/10/2023

Não é o melhor mostruário da obra poética de Drummond mas não deixa de ser um excelente livro com as memórias do autor em forma de poesia
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Laisinhaa_aa 30/12/2022

É um livro muito gostosinho de se ler, com poemas com temas sobre o crescer, sair de casa, enfrentar novos contextos e ambientes
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Juliana_alvernaz 27/07/2021

Memórias
A poesia memorialistica de Drummond me acertou em cheio e me fez viajar para as paisagens de minha própria infância.
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Guilherme.Oliveira 28/03/2021

Conjunto de poesias com claro memorialismo do passado do Drummond.
Suas lembranças, sensações e emoções pretéritas.

Drummond com sua linguagem sempre simples e acolhedora.
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DannyelBR 16/06/2020

9° livro de 2020/ Junho
Nome do livro: Boitempo
Autor: Carlos Drummond de Andrade
Editora: Record
Li em: 1 mês e duas semanas
Páginas: 386
Avaliação em estrelas: 3,5
Citação: "Já não somos os privilegiados príncipes da paz. Já somos viventes intranquilos, pávidos, como os da Lagoinha ou de Carlos Prates, à mercê de furtos, doenças, fomes, letras protestadas, e pior do que isso, carregando o mundo e seus desconcertos em ombros curvados".
Resenha: O primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade que eu leio e já posso dizer que gostei muito da sua escrita. Este, especificamente, trata sobre a infância do autor. Seus pensamentos, atitudes, observações, paixões e esperanças. Super recomendo!
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Maiara.Alves 26/04/2020

Meu Primeiro Drummond
Primeiro livro do Drummond que leio e adorei!
Boitempo - Menino Antigo, nos faz passear pela Vila de infância de Carlos Drummond de Andrade e pela Belo Horizonte de sua mocidade.
Foi uma experiência gratificante e encantadora ler as poesias de Drummond. Terminei essa leitura já querendo ler tudo desse homem.
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Biblioteca Álvaro Guerra 25/09/2018

Ponto mais alto da lírica memorialística do poeta mineiro, este alentado livro, o primeiro das memórias poéticas de Drummond, é marcado pelo esforço de resgate e reconstrução da infância perdida, e com ela da mítica Itabira do Mato Dentro. Em um movimento próprio à rememoração, que desobedece a qualquer linearidade do tempo presente, sobrepõem-se animais e frutas da roça, móveis da casa patriarcal, figuras familiares, temores noturnos, causos de figuras célebres na cidade e histórias de forasteiros, muitas delas proibidas ao garoto que a tudo observa com olhos e ouvidos atentos. Em estilo antissentimental, Drummond transita, com a curiosidade que o acompanhou por toda vida, pela vila de sua infância, a Belo Horizonte da mocidade e o vasto mundo que chega apenas pelo jornal, "ilustrado e longínquo". Este volume inclui ainda um esclarecedor posfácio do professor e crítico John Gledson.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535929072
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Biblioteca Álvaro Guerra 25/09/2018

Boitempo. Esquecer Para Lembrar
"Ler Boitempo – esquecer para lembrar é um retorno à própria infância e também à história dos outros, que ouvimos de familiares e amigos e, claro, também de Carlos Drummond de Andrade. Porque Boitempo é uma palavra que ele inventou, que significa o bom tempo da infância que ele teve no interior de Minas Gerais, mesmo não sendo todas as lembranças felizes, são elas que ainda representam o homem da cidade, a partir de uma mistura nostálgica de sentimentos, sensações e aprendizados.

O livro está dividido em quatro partes, cada uma delas representam uma fase da vida, o caminho natural das coisas: Repertório Urbano, Primeiro Colégio, Fria Friburgo e Mocidade Solta.

Sendo o tema principal as lembranças da infância pelo olhar de um homem adulto, podemos também distinguir subtemas, intercalados e repetidos ao longo de todo livro que revela o Drummond que todos conhecemos, que é capaz de falar do cotidiano com uma intensidade tão forte que atinge as análises existenciais de cada um de nós e também o que está na própria literatura moderna.

A literatura, como uma representação social, do artista, da pessoa, do olhar dele para com o mundo, pode nos afirmar e também desestruturas vários significados e certezas. A poesia de Drummond consegue com uma bela simplicidade atingir as características, tão, subjetivas, do que consideramos literatura. É a compreensão que atinge o leitor página a página. É também o estranhamento, pela linguagem tão rica e seca; “lúcida e crítica“, como informa o prefácio de Josué Montello.

Na primeira parte Drummond escreve sobre o tempo das pequenas cidades. Há a forte presença da igreja (na praça central, como se ali demonstrasse todo o poder sobre cada cidadão). Temos também pessoas na janela, que ninguém sabe como chegou lá. Ainda cabe observações da política, da sociedade (hipócrita, consumista…), de relacionamento e casamento.

Que coisa-bicho
Que estranheza preto-lustrosa
evém-vindo pelo barro afora?

É o automóvel de Chico Osório
é o anúncio da nova aurora
é o primeiro carro, o Ford primeiro
é a sentença do fim do cavalo
do fim da tropa, do fim da roda
do carro de boi.

Lá vem puxado por junta de bois.

(Primeiro Automóvel, p. 67)

Em seguida, temos o “Primeiro Colégio” que, literalmente nos mostra a criança em seus primeiros dias de aula. Todos os desejos e anseios ali presente, até que chega a explosão do questionamento das normas inseridas naquele colégio (interno) resultado da natural rebeldia dos adolescentes. O clima é melancólico, mas também divertidamente dramático.

Se triste é ir para o colégio distante,
fica mais triste ainda
ao ver Sebastião Ramos chorando no ombro de meu pai:

(…)

Ei, Sebastião Ramos, faz assim não na minha frente!
Também estou perdido: morte no internato.
Morrer vivo o ano inteiro é mais morrer
embora ninguém perceba
e ficarei sem ombro
para acalentar a minha morte.
Ó Sebastião Ramos, você roubou meu ombro.

(Ombro, p. 139)

É em “Fria Friburgo” que Drummond mostra a perda da inocência. Aquele garoto com medo da igreja e depois da escola com os seus severos padres, não existe mais. O que existe são os frágeis passos de um garoto que passa a conhecer um pouco mais do mundo.

Sou anarquista. Declaro honestamente.
(A tarde vai cerzindo no recreio
o pano de entrecortada confissão.)
Espanto, susto. Como?
O quê? Por quê? Explica essa besteira

A solução é a anarquia. Sou
anarquista. Nem de longe vocês captam
o sublime anarquismo. Sou.
Com muita honra. Mas vocês, que são?
Vocês são uns carneiros
de lã obediente.

(…)

(Segundo dia, p. 158)

E então chegamos a “Mocidade Adulta”, nela Drummond mais parece aquele que conhecemos em sua total crueza. A solidão das cidades fica intrínseca no dia-a-dia representado em diversas poesias. Há bares, mulheres, orquestras, cinema, carnaval. Sobra espaço também para o autor questionar a sua própria profissão, se ele deveria ter seguido o desejo de seu pai ou não. Por fim, ele traz o amor junto da morte, completa de sentimentalismo.

Aquele morreu amando.
Nem sentiu chegar a morte
quando à vida se abraçava
nem a morte o castigou.
Enquanto beijava o amor
a morte o foi transportando
nos braços do amor gozoso
sem desatar-se a cadeia
de vida enganchada em vida.

(…)

Que sabe a morte do abraço
paralisado na luz
do quarto aberto ao amor
e defeso a tudo mais?
E se continua vivo
e mais do que vivo amando
sem paredes e sem ossos
nos vazios espaciais,
não sei como, não sei quem?

(Morto Vivendo, p. 316)

Se ler um poema de Drummond é uma grande descoberta. Um livro todo propõe ao leitor muitos novos significados, que caminham entre a vida do autor, a vida de cada um de nós e também uma representação de como o mundo é."

Link da resenha: http://livroecafe.com/2015/07/17/boitempo-drummond-uma-bela-composicao-da-vida/

Esse livro se encontra disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça! site

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/resultado.jsf#ini&sort=relevancia&e_all=Boitempo.%20Esquecer%20Para%20Lembrar&page=1
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