Rick Finch 10/01/2019
Este livro me fez de tolo!
Durante meus anos como leitor, já li alguns suspenses e romances que me surpreenderam com seu final, mas sem sombra de dúvidas, nunca uma obra brincou tanto com meu raciocínio, fazendo-me de tolo! Desde o primeiro capítulo, em minha sagacidade presunçosa, tinha absoluta certeza do que aconteceria... mas fui surpreendido por Sidney Sheldon.
Já tinha ouvido falar deste escritor: já vira muito de seus livros expostos na livraria e críticas boas a seu respeito, e sempre disse a mim mesmo que, no futuro, leria uma obra sua. Mas esta era uma daquelas promessas que faço e nunca cumpro, pois seus livros me lembravam, não sei por quê, suspenses policiais ?dos quais não sou apreciador. Numa bela tarde de dezembro, fui ao sebo e lá encontrei esta edição maravilhosa do Círculo do Livro, por apenas oito reais, e resolvi comprá-la, sem ao menos saber qualquer coisa acerca do livro, e resolvi finalmente dar uma chance a este escritor. Após o ano novo, resolvi começar 2019 lendo sua obra, e não minto ao afirmar: foi uma das melhores experiências que já tive!
Sem mais delongas, vamos ao livro: ele é dividido em três partes, sendo que a primeira toma quase setenta por cento da obra, deixando as outras duas partes com poucas páginas. Após o prólogo, do qual não gostei tanto, pois eram muitos personagens apresentados de uma só vez, o livro começa com duas narrações distintas, contando a vida das nossas protagonistas desde a mais tenra infância. São elas: Catherine Alexander e Noelle Page. Elas são mulheres muito distintas, e seguem caminhos diferentes, transformando-se em pessoas avessas de personalidades memoráveis. Noelle, nos dias de hoje, seria considerada facilmente uma femme fatale, pois consegue tudo o que quer, tem um cérebro que corre na velocidade da luz e um aprendizado deveras evoluído, mas é fria, dissimulada e vingativa, e isto fora consequência das coisas que sofrera em seu passado. Já Catherine começa como sendo uma adolescente bobinha e esperta, que amadurece muito ao decorrer do tempo, tornando-se uma mulher de dar orgulho em qualquer um. Ela é mais terrena, com mais temores e anseios que Noelle, e cheia de sentimentos! É bondosa, inteligente, versátil e encantadora de seu próprio jeito simples. Ambas são bonitas, mas Noelle tem uma beleza dos deuses ?o que a ajuda a manipular as pessoas ao seu redor ?fazendo com que eu considere que a maior diferença entre as duas, seja a inteligência e não a beleza. Catherine tem uma esperteza mais literal, vinda dos livros e dos estudos, é uma moça erudita e de futuro promissor ?a nerd da sala de aula. Já Noelle nutre uma sagacidade baseada em sua experiência de vida, sugando tudo o que possa lhe ser relevante. E, por mais diferentes que possam ser, não consegui me decidir por quem meu coração bate mais forte.
Na segunda parte do livro, as vidas de Noelle e Catherine são ligadas por Larry, e esta parte do livro fez meu amor pelas protagonistas se transformar em ódio: ambas tornam-se mulheres completamente estúpidas! Foi nestes capítulos que me decepcionei muito com a obra, pois foca mais em Larry ?que considero o pior personagem do enredo ?transformando ambas em algo que nunca pareceram ser: idiotas, superficiais, cédulas, burras, etc. O único ponto forte desta segunda parte, é o início da destruição deste trio ?e isto me fez sentir mal por eles, principalmente por Catherine, que, com o decorrer da estória, decidir amar mais do que a qualquer outro personagem, pois foi com ela que mais me identifiquei, apesar de sua estupidez.
A terceira e última parte do livro tem em torno de apenas quarenta páginas, que devorei em segundos! Estes últimos capítulos giram todos em torno do Julgamento do prólogo do livro, e prende toda a atenção do leitor, superando a primeira parte da estória. Creio que o suspense dera tão certo pela escolha de narração do escritor: começar no presente, mas todo o resto do livro fica no passado, onde conhecemos os personagens e a trama que levou-os até um dos Julgamentos mais famosos do mundo, em Atenas! Fiquei me perguntando: Como que Noelle, uma francesa; Catherine e Larry, americanos, foram terminar na Grécia?! O motivo, bem... vocês irão descobrir se lerem o livro. O Julgamento dos personagens é impressionante e arranca o fôlego do leitor, que não sabe o que deseja: a condenação ou a absolvição. Eu, porém, pendi pro lado da execução, mas, mesmo assim, lá no fundo onde não quero admitir nem a mim mesmo, torcia para um milagre acontecer.
Depois do Julgamento há um epílogo que adivinhei do que se trataria. Não consegui descobrir o final do livro ao ler o primeiro capítulo, mas o fiz na última parte. E é este epílogo que lhe dá um soco no estômago, caro leitor! Mesmo já sabendo o que o escritor descreveria ali, não deixei de me emocionar e refletir minutos após o término.
Antes de acabar esta resenha, devo ressaltar que um dos pontos mais fortes do livro é o cenário em que se passa a maior parte da estória: A Segunda Guerra Mundial. Pensei que este cenário não combinaria com um suspense envolvendo a trama de pessoas famosas e poderosas, mas me enganei redondamente! É incrível! Principalmente as narrações que descrevem Paris ocupada pelos nazistas, e cria personagens da Resistência! E, ao meu ver, o ponto mais fraco da obra fora a segunda parte, onde as personagens se tornaram mulheres deveras ignorantes.
Caro leitor, se você leu esta resenha até o fim, dou-lhe um conselho: leia o livro! E, para que não surte como eu estou surtando agora, já lhe aviso que há uma continuação denominada ?Memórias da Meia-Noite?. Eu sou o tipo de leitor que só lê obras onde há continuações, quando tenho todas as sequências em casa, sendo assim, estou enlouquecendo por não ter sabido disto antes. Mas fazer o que né? Vou correr atrás do segundo livro, e espero que não estrague o seu antecessor, pois já sei que não será melhor que o primeiro!