Quaderna 09/10/2024
A saga arretada e mágica de Alveric e Lirazel
Pois muito bem, meu povo! Venho trazer pra vossas leituras uma história que é um arraso de tão bonita e cheia dos encantos, chamada ?A Filha do Rei de Elfland?, escrita por Lorde Dunsany, um daqueles cabras que sabe tecer palavras como quem tira leite da vaca ao raiar do dia. Lá pras bandas da vila de Erl, o povo queria coisa grande, queria ser falado longe, em terras que só se conhecia de ouvir contar. E o que inventaram? Arrumar um soberano de feitiço e poder, que não fosse um homem simples, mas um ser de magia. Pois o Senhor de Erl mandou logo o filho, Alveric, pra ir buscar Lirazel, a princesa lá do Reino de Elfland. Pense numa empreitada arretada!
Alveric, sem medo de cara feia, foi logo se metendo pelo mundo mágico, com a ajuda duma bruxa sabida das artes, cruzando fronteira que nem valente cruza rio cheio. Achou a princesa e trouxe pra casar, todo orgulhoso. Mas, oxe, num é que a coisa complicou? Lirazel, coitada, não se ajeitou nesse mundo nosso de terra e pedra, feito peixe tentando nadar no seco. Não deu outra: voltou pras bandas encantadas, e Alveric, sem se conformar, saiu atrás dela de novo, caçando o rastro da sua amada, metido até o pescoço nas confusões mágicas.
Eita que o livro é bonito, viu? Mas, não pense que é dessas histórias que acaba com ?felizes para sempre?, não. Aqui o amor é difícil, feito plantar na seca. Dunsany faz a gente pensar nos mistérios da vida, com palavras que deslizam como cantoria de cantador em noite de lua cheia. O amor de Alveric e Lirazel tenta ser ponte entre o mundo dos homens e o de Elfland, mas num é fácil não, meu povo. É uma luta arretada, com um bocado de reflexão sobre o que se perde e o que se ganha quando tentamos segurar a magia com as mãos.