Mr. Matos 08/11/2020
Lições do mestre de Budapeste
É um livro composto por ensaios escritos durante as décadas de 30 e 40, durante o exílio na União soviética pois a Hungria havia sido ocupado pelo Nazismo, tornando um lugar muito perigoso para um jovem intelectual comunista de ascendência judia porém sua vida não se tornou mais agradável na União soviética sobre o jugo stalinista, é possível ao longo de alguns ensaios identificar críticas aos rumos que a revolução teria tomado porém são críticas bastante escondidas para passar pela censura, ele encheu os textos com algumas citações do "Camarada" Stalin ao Lado de Marx, Engels e Lenin como um "grande teórico" o que fica evidente que é mera artimanha de Lukacs para conseguir publicar sem ser molestado pela NKVD, o que muitas vezes não deu certo e nosso filósofo foi obrigado a realizar autocriticas humilhantes.
Lukacs era um intelectual revolucionário convicto de que o "Pior socialismo era ainda assim melhor que o melhor Capitalismo" permaneceu sempre sobre a cortina de ferro independente das dificuldades, constragimentos e perigos pelo qual passou ( Na breve nota biográfica escrita por Meszaros em homenagem ao seu mestre é descrito o momento em que Lukacs passou a andar armado com um revólver para se proteger de seus desafetos políticos) porém essas adversidades não impediram que o húngaro desenvolve-se suas pesquisas, seus ensaios sobre literatura e crítica são teóricos e críticos, e suas críticas possuem muitos elementos teóricos são marcados pela ruptura com a fragmentação da ciência literária burguesa como um Pensador Dialético Lukacs tenta apreender a totalidade da coisa portanto a literatura em Lukacs nunca é uma coisa estanque ela está sempre relacionada com a realidade concreta da economia, da politica, das ideologias todos esses elementos não escapam a Lukacs pois o seu compromisso sempre se deu com um profundo humanismo que deveria se expressar pela superioridade do Realismo. Que lamentavelmente foi destruído pelo propagandismo Stalinista transformado todo o potencial estético do Realismo socialista a mera propaganda, tendência que Lukacs se põe a criticar no ensaio sobre "arte dirigida" incluído no volume.
Para encerrar esse texto cito o próprio Lukacs:
"O estudo apaixonado da substância humana do homem faz parte da essência de toda literatura e de toda arte autêntica."
"Não basta, para que sejam chamados de humanistas, que estudem apaixonadamente o homem, a verdadeira essência da sua substância humana; é preciso também ao mesmo tempo, que defendam a integridade do homem contra todas as tendências que a atacam, envilecem e a adulteram.
Como todas essas tendências( e naturalmente em primeiro lugar a opressão e a exploração do homem pelo homem) não assume em nenhuma sociedade uma forma tão inumana como na sociedade capitalista, todo verdadeiro artista ou escritor é um adversário instintivo dessas deformações no princípio humanista, independentemente do grau de consciência que tenham de todo esse processo"
"A humanidade da sociedade não é uma segunda natureza que transcenda os homens, mas o aspecto particular no qual se manifestaram as novas relações entre os homens, criadas pelo pleno desenvolvimento do capitalismo."