Vanessa1409 28/11/2023
Redenção sem Coroas Floridas.
O livro começa com uma espécie de prólogo, que, na verdade, é um triste flashback sobre a morte do senhor Simon, pai de Suze. Essa é a brecha que a autora, sabiamente, usou para os planos de Suze. Com esse trunfo em mãos, Meg Cabot aproveitou para explorar a discrepância psicológica e emocional da protagonista, atingindo os leitores e, consequentemente, o objetivo do enredo.
Paul é o problema de sempre. Sua perversidade é irritante, porém, sua beleza e inteligência são como mel atraindo ursos. Um personagem misterioso, charmoso, suntuosamente maléfico e deliciosamente bem humorado. Paul é um dos melhores e mais bem construído personagens que já tive o prazer de desfrutar em um enredo, afinal, muitos bandidos ? literários e/ou cinematográficos ? carregam essas idiossincrasias consigo.
Suze está mais romântica nas narrativas, principalmente quando o assunto é Jesse ? eu também ficaria, afinal, a imagem que tenho dele em minha mente é uma nuance fictícia do meu próprio marido. Ou seja, para mim, Jesse é tão lindo quanto o senhor Toni Souza. ? Da mesma forma, quando se trata de Paul, sua vulnerabilidade fica exposta. Porém, mantendo a personagem dentro da estrutura, Meg não retirou o sarcasmo e as palhaçadas de Suze, que nos inebria com suas tiradas hilárias.
Sem cair no estilo ?bondade plena e suprema, porque o bem vence o mal e espanta o temporal?, a autora explorou a redenção de uma forma surpreendente, sem descaracterizar o personagem em questão. E como nem tudo pode ter um final completamente feliz, principalmente se almejamos por um final verossímil, ainda que se trate de um enredo sobrenatural, Meg Cabot conseguiu equilibrar vitória, alegria, despedida, tristeza, romance e novas perspectivas, dando um ponto final na trama e, ao mesmo tempo, deixando uma brecha para continuá-la no futuro.
Por sorte, eu soube que ela está trabalhando em A Mediadora novamente. Só espero que não seja um reboot, e sim uma continuação, ou, quem sabe, algum spin-off com Paul e seu irmãozinho. Bem, não tem como não confiar nessa autora, Meg Cabot já provou que sabe o que faz, e nos presenteou com um dos finais literários mais perfeitos.
NOTA FINAL:
Redenção sem coroas floridas e auras brilhantes e angelicais ? confere.
Equilíbrio entre tristeza e alegria, vitória e derrota, vida e morte ? confere.
Final surpreendente, com um encerramento do enredo e perspectiva aberta para continuação ? confere.
Brilhante! Delicioso. Leitura fluída, divertida, intensa, daquelas que mexem com nossos sentimentos, arrebatando-nos para o mundo descrito nas páginas. Mais que recomendado, leitura obrigatória aos amantes do gênero.