Joemy 23/07/2022
Temperamentos classificados
Este livro de Tim LaHaye foi um dos principais responsáveis pela revitalização da teoria dos temperamentos e por sua introdução e larga expansão no meio evangélico. O livro começa com uma explanação histórica sobre a origem da teoria dos temperamentos e como ela atravessou os séculos até os dias de hoje. Em seguida o autor faz críticas importantes quanto a ênfase que é dada ao que ele chamou de “freudianismo” nos meios seculares e como isso tem contaminado o próprio meio cristão, além de abordar o tópico de que a teoria dos temperamentos pode ser um substituto melhor a esse “freudianismo”, mas essa teoria, como uma ferramenta de abordagem psicológica, corre o risco de ser usada de forma abusiva. Depois disso, nos capítulos seguintes, LaHaye ilustra cada um dos quatro temperamentos traçando um perfil com quatro personalidades bíblicas que, segundo ele, podem ser enquadradas em cada um desses temperamentos, guardadas as devidas proporções e ponderações. Assim, o autor apresenta “Pedro, o sanguíneo”, “Paulo, o colérico”, Moisés, o melancólico” e “Abraão, o fleumático”. Nesses capítulos, LaHaye não somente demonstra porque esses homens podem ser encaixados nesses temperamentos, mas também procura demonstrar como seus temperamentos foram transformados pela ação de Deus, através do seu Espírito. Por fim, o livro é encerrado com a mensagem final de que não importa qual seja o temperamento de uma pessoa, Deus pode e quer transformá-lo para torná-lo um verdadeiro cristão, mas, para isso, essa pessoa precisa começar a obedecer ao Espírito Santo.
Quanto às minhas considerações sobre o livro, para mim foi interessante conhecer a história da teoria dos temperamentos, que é algo que sempre ouvi falar, mas que ainda não tinha parado para saber mais. Achei muito bom o capítulo no qual ele critica o freudianismo, que na verdade representa a ênfase humanista que o ser humano pode ser transformado à parte de Deus, mas, na prática, essa mudança não é observada, pois o âmago do ser passa incólume nesse tipo de abordagem dos problemas psicológicos. Senti-me muito enriquecido com a forma que o autor apresentou os quatro personagens bíblicos, enfatizando a transformação que Deus fez no modo de ser de cada um deles. Entretanto, preciso alertar que LaHaye não deixou claro o bastante que a teoria dos temperamentos não é uma teoria bíblica. Não é à toa que muitos cristãos abraçam essa ideia como se tivesse sido revelada pelo próprio Deus, mas na verdade é uma construção humana. Outro problema que pode surgir disso é esquecer que os erros dos homens surgem dos seus corações pecadores, e não do seu temperamento em si. Se essa teoria dos temperamentos tem alguma relevância de fato, ela não reside na sua capacidade explicativa, mas somente de classificar as pessoas nos seus quatro tipos de temperamentos (sanguíneo, colérico, melancólico, fleumático), ou seja, representa uma espécie de tipologia. Guardadas as devidas proporções, é como se fosse uma espécie de "horóscopo" dos temperamentos. Chamo atenção para isso porque é vendido como se essa teoria conseguisse explicar que alguém tem determinada ação simplesmente por conta do seu temperamento, sendo que o comportamento humano, na realidade, não se dobra a essas classificações. Para concluir, concordo plenamente com o autor quando ele demonstra que somente Deus pode transformar temperamentos, mas não considero que a teoria dos temperamentos seja de fato tão necessária assim no processo de aconselhamento aos cristãos que, em tese, deve ter por base as Escrituras.