regifreitas 21/06/2024
CORPO (1984), de Carlos Drummond de Andrade.
Este é um dos títulos da fase final de Drummond, lançado apenas três anos antes de sua morte em 1987.
Conforme Maria Esther Maciel, no posfácio "O corpo e seus possíveis", desta edição: "Se o poeta itabirano continuou, nessa derradeira etapa, a sondar certos elementos recorrentes em sua obra anterior, como o registro do presente imediato, a memória de um passado irreversível, o olhar irônico sobre os usos políticos e econômicos da vida, a evocação do amor e da experiência erótica, a consciência da morte e da corrosão do tempo, entre outros, isso tudo se faz ver neste livro, sob a visão de um homem já em idade avançada e ciente da proximidade do fim".
Então, o vocábulo "corpo", que intitula a obra, acaba assumindo significados e expressões múltiplas. Pode ser o corpo erótico, como também aquele "espaço em que se materializa o amor"; o corpo como o "invólucro perfeito" da alma; o corpo cansado, "ciente da sua efemeridade"; o corpo urbano e social, evidenciado na incisiva crítica social de textos como "Favelário nacional".
Mais do meu agrado, destaque para os poemas "Pintor de mulher", "O seu santo nome", "Os amores e os mísseis" e "Eu, etiqueta".