zach 22/03/2022
Um apelo a garota romântica em mim (e em você)
Eu comecei a ler esse livro com a ideia de que seria um romance bobo com conteúdo erótico e não poderia estar mais errada. Esse livro me tocou de uma forma que não acreditei ser possível.
Nos primeiros capítulos, eu já me vi apaixonada pela Clara e suas listas laminadas. Consegui imaginar ela chegando em um apartamento montada e carregando uma Luis Vuitton e como, quando o Josh chegou, ele mudaria ela para sempre. E sinceramente, a mim também. Posso dizer livremente que as referências sexuais do ponto de vista do Josh não objetificam a Clara, mas traduz insights da paixão dele. Ao longo do livro você vai percebendo como sexo e prazer é a linguagem que ele encontra para a livre expressão de si mesmo. A Clara tem a sua mania de controle e ele tem o sexo.
O que mais me admirou nesse personagem foi como ele é fiel a si e isso o dá coragem para ser quem ele é, mas, mais do que isso, como ele encoraja as pessoas em volta dele a serem honestas e fiéis a si mesma. E por isso, o Josh arrebatou o meu coração de uma forma que nenhum protagonista de romances chegou perto de fazer.
Eu me apeguei a história de uma forma inexplicável, eu fiz playlists no spotify e pastas no pinterest para ver se, assim, eu consegui materializar e estender ela só um pouquinho mais. O que me toca é ver que o Josh se apaixona pela Clara nas coisas mais mundanas e, quanto mais eles tentam evitar a atração que cresce entre eles, cada vez mais as situações trazem uma confirmação cósmica de que os dois são amantes inevitáveis dos quais Chagall fala sobre em suas obras. E por mais que isso seja o puro suco da ficção romântica, as inseguranças da Clara são tão reais. Os medos do Josh são tão reais que todos podem se identificar. A forma como eles torcem e acreditam um no outro mostra que Hollywood estava errada e o amor não tem que ser sobre insistência e recompensa, mas é sobre estar ao lado da pessoa que você ama.
Eu não sou fã do tipo de história que uma das partes precisa mudar quem ela é para ficar com a outra e a forma como o desenvolvimento pessoal deles acontece para que eles possam se tornar um casal faz esse livro ser um achado de ouro. Todas as “melhorias” na Clara e no Josh, por mais que sejam ajustes para eles se tornarem os “parceiros ideais”, são na verdade sobre eles mesmos. Sobre eles encontrando coragem para criar e superar expectativas, dos outros e de si. E é por causa disso que não acho que seja possível expressar em palavras o quanto essa história é linda e como o meu peito parece um refrigerante pretes a explodir toda vez que penso nela.
Essa autora me fez renovar minha perspectiva de relações amorosas e de amor romântico. Espero, de verdade, que se você tiver a oportunidade de ler esse livro possa se encantar com as nuances de desenvolvimento pessoal da Clara e da auto descoberta que o Josh passa quando ele olha para si mesmo com os olhos dela. Há beleza nos pequenos gestos e amor não é um estopim que te deixa sem chão. Amor é conseguir construir algo juntos e ter a segurança de saber que aonde você pisa é um espaço firme que vai te sustentar. E esse é o amor que o Josh e Clara constroem juntos.
P.S.: Queria deixar um adendo aqui sobre a Naomi. Ela é uma das melhores personagens femininas que já vi em livros de rom-com e com conteúdos eróticos. Ela é independente, não enxerga a Clara como inimiga e tenta evitar que o Josh se machuque (e machuque a Clara). Ela é uma boa amiga e tenho apenas gratidão pela autora por retratá-la assim.