Yasmayfair 07/08/2010
É como eu disse no Twitter: Diana L. Paxson pode nunca ser uma Marion Zimmer Bradley [e é realmente difícil], mas ela segue pela estrada certa, com certeza.
Essa polêmica toda de ela ter escrito alguns livros da saga de Avalon, e não a Marion, é algo bobo.
Diana era amiga e colaboradora da Marion, e foi a própria quem a escolheu pra dar continuidade à série quando ela não estivesse mais aqui, e Diana escreve muito bem e segue os passos de Marion, então não vejo motivo pra que alguns fãs fiquem irados.
Diana segue os passos de Marion sim, mas a escrita dela difere da Marion no sentido de que é mais solta, menos séria. Marion é mestra e minha escritora preferida, mas é bom que as duas, apesar de ótimas, tenham diferenças entre si. Isso não importa, já que conduzem muito bem as histórias que se propõem a fazer, de qualquer forma.
Mas bem, sobre o livro: é triste. Aprecio muito essa decisão de terem colocado as raízes celtas na história de Avalon, nos dá muito mais noção da história mesmo quando se está lá na frente, em As Brumas de Avalon, por exemplo, que aliás, são meus livros preferidos.
Boudica e Lhiannon são personagens memoráveis, e seguindo a linha de reencarnações da série, acredito que Lhiannon seja Domaris e Boudica seja Deoris. É difícil decidir qual a personagem preferida. Confesso que no começo do livro eu preferia sem dúvidas Lhiannon, já que Boudica, ainda adolescente, era voluntariosa e prepotente. Mas com o passar do tempo ela amaduresce e se torna alguém forte, nos fazendo torcer pela personagem. O livro tem mais sexo do que os de Marion, na minha opinião, e em alguns momentos achei desnecessário, mas essa é outra característica que difere Diana de Marion. Boudica e Prasutagos no começo não me comoveram, mas confesso que adorei a passagem onde ela foge do casamento a cavalo e o desfecho dessa parte da história, haha. Depois do ritual de fertilidade, quando eles passam a se amar verdadeiramente, confesso que quis chorar quando ele morreu e foi convincente a dor de Boudica, e admirei-a ainda mais quando ela lidera a rebelião contra Roma. Outro fato interessante é quando a deusa Morrigan/Cathubodva, a Deusa da Batalha e dos Corvos começa a possuí-la quando ela está liderando a rebelião. Diana desenvolveu a personalidade Dessa face da Deusa bem de acordo com o que se pode esperar Dela.
E sobre Lhiannon, é uma ótima personagem do começo ao fim. Torcia muito pelo romance dela com Ardanos, e em determinado ponto da história fiquei (e acredito que não só eu) com o que ele fez. Mesmo depois disso, continuamos torcendo pelo casal e na expectativa de que aconteça alguma coisa nas cenas em que estão apenas os dois. O que acontece de fato, não vou fala, é preciso ler.
É interessante também saber como tudo acontece antes para que culmine no cenário de A Casa da Floresta, que li antes. Alguns dos personagens de Corvos estão presentes nesse livro, que é a continuação. Quando puder vou relê-lo, ou pelo menos algumas partes, para me lembrar o que ocorre com cada um depois.
Enfim, é um bom livro, daqueles que te fazem chorar no final. Não só pelos personagens que Diana e Marion criaram, mas sim por finalmente tomarmos mais consciência de que toda a desgraça do livro, os romanos invadindo a Britânia, conquistando, dizimando e humilhando as tribos celtas que lá viviam, é triste constatar que é uma história real, que aconteceu de verdade, e isso foi o que mais me fez chorar, e ao mesmo tempo, ficar agradecida por poder ter lido. Mudou minha visão de mundo, expandiu meus horizontes e confirmou o que eu já sabia: que a cultura e o povo celta, pra mim, são os mais encantadores que já existiram. Fiquei encantada pela personagem de Boudica, agora sempre que posso pesquiso sobre ela. É gratificante sabermos que realmente existiu uma mulher, uma rainha que fez tanto assim pelo seu povo, e principalmente, uma MULHER que deu tanto trabalho pra Roma, aquela escória de cidade. Ótimo saber mais sobre a ilha de Mona também, que uma banda que eu adoro menciona numa música sob o título de "Inis Mona", acredito que da mesma forma a que se referiam a Avalon como "Inis Witrin", "inis" é o termo para "ilha".
Recomendo a todos que apreciam os livros de Marion, os de Diana, os da saga de Avalon como um todo e para os que como eu, são amantes da cultura celta também, e não admitem que ela tenha sido tão dizimada como foi.
E o livro nos faz pensar (pelo menos a mim fez): Como o mundo seria se os celtas tivessem derrotado os romanos?
"Mas houve uma época em que uma mulher desafiou o poder de Roma e, durante um terrível e luminoso verão, a vitória foi dela."