Raquel Lima 17/06/2010Gostei muito desta resenha...Esta resenha me convenceu a dar de presente o livro para uma amiga, então, tomo a liberdade de transcreve-la:
"Alguns dizem que o livro é um dos livros mais leves de Dostoievsky, sinceramente não acho assim tão leve. Certos críticos dizem que o livro não tem muitas questões filosóficas e existenciais, mas vos pergunto se um homem do subterrâneo não é um homem com problemas filosóficos e existenciais. Para quem conhece o livro “Memórias do subsolo”, sabe muito bem do que estou falando. Veltchaninov é um homem do subterrâneo, entende-se então que ele tem problemas dos tipos aqui relatados sim.
Dez anos após tendo deixado sua amante para trás, sem saber se estava realmente gravida ou não, ele tende a encontrar o homem que ele traiu. Este por sua vez aparece com uma criança. Veltchaninov sabendo que Pavlovitch, o homem traído, tem uma filha, logo consegue imaginar que aquela seria sua filha.
A amizade que esses dois tiveram tempos atrás nos parece ter sido sincera para um lado. Quando eles voltam a se encontrar numa madrugada, em que nosso homem do subterrâneo não consegue dormir, finalmente Veltchaninov irá descobrir quem era o homem que o perseguia; ou como ele pensava, ele é quem perseguia este homem.
Neste momento do livro, um suspense começa. A conversa entre os homens vai fluindo, o encontro acaba-se, e a partir daí a neblina fica pairando sobre o livro. Sim, uma neblina paira sobre as linhas do livro, porque Pavlovitch é um irônico, fazendo temermos se realmente ele já sabe de tudo ou não. O modo como as conversas entres os dois homens acontecem é de suma importância serem lidas com toda a atenção possível.
Nosso querido Dostoievsky nos mostra alguns sintomas declarados por seu homem do subterrâneo em Memórias do subsolo, como quando Veltchaninov geme pelo prazer, em sabermos que ele é totalmente melancólico e doente, e ele também possui o gosto pelo paradoxo que creio ser típico do homem do subterrâneo.
Veltchaninov tem Pavlovitch como um “eterno marido”, mas depois vê que ele é sim um “tipo feroz”. Pavlovitch porém, declara-se como sendo um “eterno marido”. Posso terminar por dizer que este livro é sim uma leitura agradável de se ler e que em momento algum foi feito para nos entreter e sim, para aprendermos mais com os monstros que convivemos todos os dias. Assim dizia Veltchaninov:
“O mais monstruoso dos monstros é o que tem bons sentimentos”.
Site: http://literatura.interativo.org/livros/2006/03/o-eterno-marido