spoiler visualizarRafael 09/12/2023
Que livro intenso...
Sem duvidas esse fui um dos livros mais intensos, viscerais que li nesse ano, depois de Demian, do Hermann Hesse. Eu li esse logo após Noites Brancas e a mudança entre os dois estilos é brutal (um escrito antes do Fiodor ser condenado à trabalho forçados, o outro, depois).
Essa resenha vai ser mais minha percepção sobre o livro. Enfim, esse livro me parece ser uma grande tentativa do Dostoievski de fazer um retrato da consciência humana, focando menos em questões filosóficas, mas nem por isso deixando o livro menos reflexivo. Para mim, o Pavel foi para à cidade de T. para encontrar-se com Veltchaninov, sem a intenção de matá-lo muito bem definida; ele aparenta ter picos na madrugada que fazem-no delirar e querer matar Veltchaninov, pois observem, ele só faz suas tentativas nas madrugadas: na primeira, quando os dois se encontram na porta; na segunda, quando Veltchaninov percebe que Pavel estava parado atrás dele enquanto dormia; na terceira, quando, com efeito, quase matou-o.
Sobre a psique das personagens é mais difícil falar sobre, já que é bem complexo. Eu acredito que Veltchaninov de fato amava Pavel, como é bem possível ver quando ele delira: ele quer ver Pavel. Mas ele não queria definir isso na mente dele, ele tinha medo de admitir. Aliado a isso, quero fazer uma observação sobre seus sonhos; segundo Freud, os sonhos são a realização de desejos reprimidos, portanto, os sonhos de Veltchaninov consistiam na sua vontade de ser punido pelas malandragens cometidas quando jovem; por isso mesmo, quando é finalmente punido com a sua quase degolação (além da sua quase declaração de amor à Pavel), ele parece curado da tristeza e hipocondria.