Maíra Marques | @literamai 08/09/2023? UMA VIAGEM AO PASSADO NO MELHOR FORMATO: QUADRINHOS! ?
?
? Quando pensamos em fontes que narram com riquezas de detalhes possíveis a história do nosso país, Gilberto Freyre é um dos nomes sempre citados. Casa Grande & Senzala é resultado de uma tese de mestrado, um livro com registros riquíssimos sobre o Brasil.
?
Na edição em quadrinhos- originalmente publicada em 1981 com adaptação de Estevão Pinto e desenhos de Ivan Wasth Rodrigues- foi aprovado por Freyre, grande apreciador da arte por meio de desenhos e pinturas. O autor elogiou o fato de Estevão preservar a escrita da obra original e, mais ainda, o capricho de Ivan nas ilustrações que- na época- era em preto e branco. A edição colorida que temos agora veio anos mais tarde, em 2005, com a colorização de Noguchi.
?
Preciso elogiar o capricho dessa edição da Global Editora! Está impecável! O projeto gráfico ficou lindo, e a escolha do material (que desconheço o nome, perdoa) para impressão de fato valorizou as cores escolhidas pelo Noguchi. Uma história que viajou pelo tempo e cai em nossas mãos de forma tão cuidadosa! Lindo demais!
?
O quadrinho, como já mencionado, adaptou muito bem a mensagem que Freyre gostaria de passar com a obra original. Tenho apenas uma crítica, que inclusive me deixou curiosa para ler o livro de fato para verificar se este comete o mesmo fato: Em narrativas que deveriam nos causar revolta, a escrita de Estevão faz parecer apenas uma descrição. Um exemplo claro foi quando este falava dos abusos que meninos brancos faziam com meninos negros, os usando como seus brinquedos. Saiu como um "(...) O molequinho era um camarada de brinquedos, mas também o leva-pancadas de ioiô".
?
No mais, apreciei o quadrinho como uma exposição que narra a trajetória do Brasil e a influência que indígenas, negros e portugueses tiveram em nossa cultura e costumes. Não esperei críticas aos acontecimentos revoltantes, e ainda bem, pois realmente não houve. Por fim, é um quadrinho bem introdutório e que nos deixa com vontade de conhecer a obra original. Diria que é perfeito para jovens e adolescentes desinteressados pela história do nosso país.