Viick 28/01/2013
Minha Leitura:
O livro possui duas introduções, a de Rose Marie Muraro - que trata da posição da mulher nas sociedades ao longo dos séculos e que é a mais fácil de ler - e a de Carlos Byington - que é muito interessante e fala da distorção do mito cristão ao longo dos tempos, fala de certos aspectos da psicanálise, que não consegui entender plenamente por não saber quase nada sobre o assunto.
Após a introdução, vem a Bula Papal, que é a autorização do papa para as torturas da Inquisição.
Chega então a primeira parte, maçante e cheia de argumentos absurdos, em que se acusa qualquer coisa que discorde da visão da igreja de heresia. Essa parte mostra deus como "chefe" do diabo, e há uma confusão tremenda nos conceitos de castigo divino e castigo malévolo. O autor nunca se aprofunda em suas observações e as termina com "não me aprofundarei por motivos de brevidade".
Na Questão II existem duas passagens muito absurdas que falam sobre o olhar do basilisco e sobre o cadáver que jorra mais sangue quando perto de seu assassino.
A observação do tempo e das estações é extremamente desmerecida, taxada como coisa demoníaca.
Ainda não terminei a primeira parte, tem sido difícil avançar na leitura por motivos de: preguiça.
Citações Literárias:
Beyond Power- Marilyn French
The Masks of God: Occidental Mithology
Witches, Nurses and Midwives- Deirdre English and Bárbara Ehrenreich
História da Sexualidade- Michel Foucault
Summa Contra Gentills
Secunda Secundae
Flores Regularum Moralium
De Passionibus Aeris
Livro das Sentenças da Inquisição
Pessoas citadas:
Al-Ghazali
S. Tomás
S. Agostinho
S. Gregório
S. Isidoro
Vincent de Beauvais
Trechos:
"Em cada menino nascido no sistema patriarcal repete-se, em nível simbólico, a tragédia primordial. Nos primeiros tempos de sua vida eles estão imersos no Jardim das Delícias, em que todos os seus desejos são satisfeitos. E isto lhes faz buscar o prazer que lhe dá o contato com a mãe, a única mulher a que têm acesso. Mas a lei do pai proíbe ao menino a posse da mãe. E o menino é expulso do mundo do amor, para assumir sua autonomia e com ela, a sua maturidade. Principalmente, a sua nudez, a sua fraqueza, os seus limites. É à medida que o homem se cinde ao Jardim das Delícias proporcionadas pela mulher-mãe que ele assume sua condição masculina."
"À mesma idade que o menino conhece a tragédia da castração imaginária, a menina resolve de outra maneira o conflito que a conduzirá a maturidade. Porque já vem castrada, isso é, porque não tem pênis (o símbolo do poder e do prazer, no patriarcado). Quando seu desejo a leva para o pai ela não entra em conflito com a mãe de maneira tão trágica e aguda[...] Ela não se desliga inteiramente das fontes arcaicas do prazer (o corpo da mãe). Por isso, também, não se divide de si mesma como se divide o homem, nem de suas emoções. Para o resto d sua vida, conhecimento e prazer, emoção e inteligência são mais integrados na mulher do que no homem, e por isso, são perigosos desestabilizadores de um sistema que repousa inteiramente no controle, no poder e, portanto, no conhecimento dissociado da emoção e, por isso mesmo, abstrato."
"As regras convencionais só eram válidas para as mulheres e homens das classes dominantes, através dos quais se transmitiam o poder e a herança. Assim, os quatro séculos de perseguição às bruxas e aos heréticos nada tinham de histeria coletiva, mas, ao contrário, foram uma perseguição muito bem calculada e planejada pelas classes dominantes, para chegar a maior centralização e poder."
"Pois, qualquer homem que erra gravemente na interpretação das Sagradas Escrituras é corretamente considerado herege. E quem quer que pense de outra forma a respeito de assuntos pertinentes a fé que não o defendido pela Santa Igreja Romana é herege. Eis a verdadeira fé."
Que é completado por: "...o Espírito Santo é capaz de conceder a um homem todo o conhecimento apenas através de sua capacidade intelectual natural sem qualquer auxílio."
"Ministrar os ensinamentos divinos, eis o que a nós é confiado: recaia sobre nós a desgraça se não semearmos a boa semente, recaia sobre nós a desgraça se não ensinarmos bem ao nosso rebanho."
"As bruxas são assim chamadas pela negrura de sua culpa, quer dizer, seus atos são mais malignos que os de quaisquer outros malfeitores. Elas incitam e confundem elementos com a ajuda do demônio, causando terríveis temporais de granizo e outras tempestades, enfeitiçam a mente dos homens, levando-os a loucura, ao ódio insano e à lascívia desregrada. Pela força de suas palavras mágicas, como por um gole de veneno, conseguem destruir a vida." - S. Isidoro.
"Porém, quis a Divina Providência que pelo exemplo de Jó os poderes do diabo se manifestassem, mesmo sobre os bons homens, de sorte a aprendermos a nos guardar contra Satã e que, pelo exemplo desse santo patriarca, a Glória de Deus se manisfestasse em seu esplendor, porquanto nada acontece sem a permissão do Todo Poderoso."
"Tais encantamentos podem ser classificados em três tipos. Em primeiro lugar há a ilusão dos sentidos - que realmente pode ser produzida por magia, ou seja, pelos poderes do diabo, se Deus assim permitir. Os sentidos também podem ser iluminados pelos poderes de anjos do bem. Em segundo lugar, há o da fascinação pelo encanto e pela sedução, a exemplo do que nos diz o apóstolo."Ó insensatos gólatas! Quem voz fascinou a vós?" Gólatas 3,1. Em terceiro lugar, há o do feitiço lançado pelo olhar sobre outra pessoa, que pode ser prejudicial e maligno."
"Querer assim provar que os efeitos do mal podem ser gerados por alguma força natural é afirmar que essa força natural é afirmar que essa força natural é a força do demônio, o que se acha, de fatom bem distante da verdade."
"Atentemos em particular, para o fato de que para a prática desse mal abominável são necessários quatro elementos. Em primeiro lugar, é necessário, do modo mais profano, renunciar à Fé Católica, ou negar de qualquer maneira certos dogmas da fé, em segundo lugar, é preciso dedicar-se de corpo e alma a prática do mal; em terceiro lugar há de ofertar-se crianças não-batizadas a Satã; em quarto, é necessário entregar-se a toda sorte de atos carnais com íncubos e Súcubos e à toda sorte de prazeres obscenos."