JoAo366 02/08/2024
A nossa existência basta-nos
?A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.?
[?]
Já o próprio Fernando Pessoa caracterizava Alberto Caeiro como sendo o mestre de todos os heterónimos. É também o meu mestre! Por meio de poemas que apresentam uma estrutura estrófica nada complexa, um vocabulário simples e natural e fluido, fui capaz de sentir a leveza do pensamento de não pensar.
Os sentidos?poderemos nos estar a iludir se direcionarmos unicamente a nossa vida para ser sentida? A vida é para ser vivida ou para ser sentida? Existir ou viver?
O ser-humano naturalmente pensa. No entanto, a partir da leitura analítica destes maravilhosos poemas que abordam temas tão diversos como a primazia dos sentidos, ou seja, darmos mais importância e valor às nossas sensações (visuais, auditivas, olfativas e tácteis), privilegiando principalmente a visão, a capacidade de podermos observar o Mundo ao nosso redor, a Natureza à nossa volta.
Para além disso, temas como o amor, a passagem do tempo, as consequências de uma guerra, a razão e a consciência e inconsciência são bastante notáveis no percurso de toda a obra (alguns deles, de forma escandalosamente contestável e que provoca um certo abalo no leitor).
Dito isto, posso afirmar com confiança que Alberto Caeiro é o único poeta naturalmente da Natureza, com uma naturalidade natural.
Recomendo vivamente, até mesmo para aqueles indivíduos que não são muito familiarizados com a poesia portuguesa.