A Comédia Humana

A Comédia Humana William Saroyan




Resenhas - A comédia humana


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Joana 02/06/2015

Um dos mais belos livros que li sobre a infância, com momentos de alegria e tristeza combinados com maestria por William Saroyan. História para ler, reler e guardar na memória para sempre.
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Arsenio Meira 11/02/2013

William Saroyan foi (aliás, ainda é e sempre será) um grande escritor, que soube reverberar sua compreensão da natureza humana de uma forma intocável.

Caetano Veloso, numa entrevista, deixou claro que Saroyan influenciou de modo decisivo a sua maneira de pensar. Vários outros artistas já prestaram testemunho semelhante.

Abaixo, um trecho sublime do romance. Trata-se do diálogo da mãe com o filho (Homero), personagem principal deste clássico da literatura.

“Sempre haverá dor nas coisas.
Mas não é por saber disso que um homem deve desesperar.
O homem bom procurará tirar a dor das coisas.
O homem tolo nem mesmo o notará, a não ser em si próprio.
E o homem mau aumentará a dor das coisas e a espalhará aonde quer que vá.

Mas cada homem não tem culpa, pois o homem mau, não menos que o homem tolo e o homem bom, não pediu para vir aqui e não veio sozinho, do nada, e sim de muitos mundos e muitas multidões.

Os maus não sabem que são maus, e são, portanto, inocentes.
O homem mau deve ser perdoado todos os dias.Deve ser amado porque alguma coisa de cada um de nós está no pior homem do mundo e alguma coisa dele esta em cada um de nós.

Ele e nós somos ele. Nenhum de nós é separado de qualquer outro.

A prece do camponês é minha prece; o crime do assassino é o meu crime.”


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Yussif 16/05/2012

Na cidade de Ítaca, Vale de San Joaquin, Califórnia, vive a família armênia Macauley. Nela, mãe e três filhos – Bess, Homero e Ulisses- esperam a volta de Marcus, irmão que foi convocado para batalhar na Segunda Guerra Mundial. “A Comédia Humana”, de William Saroyan, publicado pela primeira vez em 1942, é uma narrativa dividida em pequenos capítulos sobre o cotidiano dessa família e das pessoas que vivem na pequena cidade.
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jota 20/09/2011

Risos e lágrimas
Este é um daqueles livros que mesmo antes de acabar você sabe que vai ficar com saudade dos personagens. Porque eles são tão humanos que parecem gente de verdade, especialmente os irmãos Homero e Ulisses Macauley, entre outros. Enfim, é uma história encantadora que merece até mesmo uma releitura. Li A Comédia Humana duas vezes.

A história que se passa em 1942, durante a II Guerra Mundial. A ação se desenvolve em Ítaca, cidadezinha da Califórnia, pacata e humana. Uma sequência de quadros simples, cotidianos, que emolduram as experiências humanas e de trabalho do adolescente Homero Macauley, estafeta (como o autor) da agência postal e telegráfica local. Perdera o pai, o irmão mais velho, Marcus, fora para a guerra e ele teve de procurar um trabalho para ajudar a família.

Num crescendo de poesia e emoção, Saroyan leva o leitor a identificar-se com o drama do jovem que se vê de improviso chefe de uma família perturbada pela guerra.

Uma das passagens mais tocantes do livro ocorre quando Homero tem de entregar a uma senhora mexicana, um telegrama do Exército. Ela não sabe ler inglês e pede que Homero lhe leia a mensagem. Ele já fazia ideia de que o telegrama informava à senhora a morte do filho, mas não estava preparado para lhe contar isso, de modo algum. Ele era apenas um menino que trabalhava para ajudar sua família; milhões de pensamentos lhe vêm então à cabeça. É uma cena em que ficamos com um nó na garganta; que vai ficar na mente do rapaz como um aviso, a martirizá-lo. Passa a temer que o irmão soldado jamais volte para casa, que um dia um desses telegramas chegue à agência comunicando a morte de Marcus. Teria ele de entregá-lo à mãe?

E com várias histórias tristes e alegres (estas em maior quantidade, felizmente) a narrativa vai avançando. Até que um dia acontece o pior. Um dia, numa loja de ferragens de Ítaca, o pequeno Ulisses (atenção para o nome da cidade e de alguns personagens) fica preso numa armadilha para capturar animais selvagens. Não bastasse isso, continuam chegando os terríveis telegramas do Exército para as famílias de Ítaca...

Mas fiquemos com o parágrafo inicial, pleno de poesia e encantamento, como todo o livro, aliás:

"O garotinho Ulisses Macauley estava, um dia, perto da nova toca de uma toupeira, no quintal de sua casa, na Avenida Santa Clara, em Ítaca, Califórnia. A toupeira, do buraco, jogou para fora um pouco de terra úmida e piscou para o menino, que certamente era um estranho, mas, talvez não um inimigo. Antes que o milagre fosse completamente apreciado pelo menino, um dos pássaros de Ítaca voou até uma velha nogueira que havia no quintal e, depois de pousar num galho, desatou a cantar, desviando a fascinação do menino da terra para a árvore. Depois, melhor de tudo, um trem de carga resfolegou e rugiu ao longe. O menino ficou escutando, e sentiu que a terra tremia debaixo dele com o mover do trem. Começou então a correr, movendo-se (assim lhe parecia) mais depressa que qualquer coisa no mundo." (Tradução de Alex Viany, página 11, edição Abril Cultural, 1974)

A comédia humana, de William Saroyan, é seguramente mais que um clássico moderno. É um livro inesquecível.
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