aliciagiovana 15/03/2024
"? Um homem planta o que pode... E cuida do que plantou."
O livro contra a história da família Creed: Louis e sua esposa Rachel; Ellie e Gage, seus dois filhos; e Crunch, o gato de Ellie. Eles se mudam para uma pacata cidade chamada Ludlow após Louis, que é médico, conseguir um emprego na Universidade do Maine. Em Ludlow Louis conhece seu vizinho Jud (e a esposa dele, Norma), que guarda segredos sombrios sobre a cidadezinha do Maine. Vivem tranquilos na cidade por um tempo, até que algo acontece com o gato Crunch e a vida da família Creed nunca mais foi a mesma.
[spoliers a partir daqui]
Um livro que trata da dor do luto, da incerteza se conseguimos seguir após a morte de uma pessoa amada.
? Como sempre, o início do livro é num ritmo bem lento, mas, pra mim, em nenhum momento foi desinteressante. Eu me afeiçoei pela família Creed e gostava de vê-los felizes vivendo a vida;
? Não fazia ideia de que o livro tratava de dois cemitérios (o de bichos e o micmac);
? O cemitério de bichos eu achei super sombrio, a ideia de ter um lugar onde se enterra vários animais de estimação não me cativou muito kk mas entendo que era um jeito de ajudar seus donos a lidar melhor com a perda;
? O cemitério micmac foi algo ao mesmo tempo sobrenatural, macabro e encantador, o Stephen King faz você conseguir sentir a aura do lugar ao ler. Eu senti um pouco de dificuldade ao imaginar aqueles momentos em que eles iam pra lá, o caminho é cheio de obstáculos e dá a impressão de que as pessoas não vão conseguir chegar no destino. Adorei esses elementos indígenas e aquela criatura que possivelmente é o wendigo;
? Ainda sobre o cemitério micmac, me deu a impressão de que aquele lugar era tipo o Hotel Overlook. Tinha uma força maligna e influenciava pessoas, como Influenciou o Jud a levar o Louis lá e como influenciou o Louis a fazer tudo o que fez. Eu só não entendi pq o Louis foi o escolhido, com tanta gente morando na cidade. Talvez por ter ficado sentido com a morte do Pascow. Não sei;
? Gostei que a Rachel conseguiu lidar com o trauma dela, desabafar e se sentir menos mal com aquele peso que ela carregava. Em partes eu me identifiquei com ela;
? Me pegou muito a questão de que o Louis sabia lidar com a morte e queria ajudar a esposa e a filha a lidar melhor também, a ver como algo natural, mas e é ele quem acaba desaprendendo a aceitá-la. Claro que teve a influência do cemitério, mas mesmo assim foi uma mudança muito brusca, e no final vemos que ele possivelmente está para sempre a mercê daquele lugar;
? Sobre a reta final: absolute cinema. Muito tenso, dá pra sentir que tem algo grande chegando. Me surpreendi com o Gage, não esperava que ficasse tão demoníaco. Ótimo final!!
Por fim, o livro nos dá a lição (de uma forma nada sutil) de que as vezes a morte é melhor e devemos lidar com isso, porque suprimir a dor e não aceitar pode nos fazer perder a cabeça igual o Louis perdeu. Trouxe o seu filho de volta a vida ? violando sua sepultura e o tirando do descanso eterno, ? mesmo sabendo que com seu gato Crunch deu errado, e percebeu que não fez diferença sua mente lhe convencer de que ele voltaria sendo o mesmo, porque ele voltou totalmente maléfico. Aliás, nem era seu filho, era algo ruim apoderado de seu pequeno corpo.
ps: se puderem ler esse livro sem spoliers, leiam. eu peguei spoliers sobre o gage e sinto que a história não teve o impacto que deveria, tanto é que acredito que Cujo doeu muito mais.
ps²: o livro só não ganhou 5 estrelas porque eu senti que o king enrolou demais em alguns momentos, mais do que o normal.