O Falecido Mattia Pascal

O Falecido Mattia Pascal Luigi Pirandello




Resenhas - O Falecido Mattia Pascal


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ElisaCazorla 13/06/2021

Não se pode fugir de si mesmo? Ou pode?
Pirandello é magistral! Escrito impecavelmente, este livro te carrega numa narrativa deliciosa e numa trama muito interessante.
Quando Mattia Pascal tem a chance de deixar para trás sua vida enfadonha e endividada, cercado de pessoas que o desprezam e que ele também desdenha, não pensa duas vezes e aceita os documentos de falecido Mattia Pascal para construir uma nova identidade e viver uma nova vida.
Mas, será que existe Eu além dos documentos burocráticos? Existe Eu longe das pessoas que conhecem nossa história e o nome que foi nos dado ao nascer?
Mattia Pascal se vê diante de uma das maiores, senão a maior, questão filosófica de todas: quem sou eu? Eu!
Eu decido ser quem eu sou ou não?
A história decide quem eu sou?
Meus documentos é que dizem quem eu sou?
E eu? Quem eu decido que sou?
Não consigo falar mais sobre essa obra sem dar qualquer spoiler mas o final é revelador tanto para o narrador quanto para nós, leitores.
Será que somos construídos ou construímos nossa persona?
Viver em uma sociedade tão burocrática nos deixa dependentes de documentos que comprovem nossa existência mas, e se pudéssemos renascer, reinventar, recriar uma nova persona em um lugar totalmente novo, será que seríamos capazes de ser outra pessoa?
Afinal, quem somos?
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Val Alves 29/03/2021

No meio da busca por sua identidade vc pode se perder
E se você tivesse a oportunidade de viver uma nova vida, com uma nova identidade, o que você faria?

Sou fascinada com a habilidade de Pirandello em criar narrativas interessantes e provocantes, que já chamam a atenção pelo título. Em muitos aspectos a leitura fez lembrar Machado de Assis e seus personagens incríveis,  de personalidade única e também na habilidade em criar um texto elegante, envolvente e com fina ironia.

Inspirado em uma notícia que lera num jornal sobre um triângulo amoroso que deveria acabar em suicídio coletivo por uma decisão unânime dos envolvidos, mas que termina com o suicídio apenas da inocente esposa e que acaba por deixar o campo livre para o marido e a amante, Pirandello cria essa obra genial em que o pobre Mattia, por ironia do destino, é confundido com um homem encontrado morto perto de sua residência bem no instante em que ele estava retornando de uma fuga temporária em outra cidade. O que no início era uma tentativa de ganhar novos ares e uma saída para se livrar de um ambiente doméstico enclausurante, num segundo momento se transformou numa outra tragédia que parece nos dizer que, para alguns seres humanos como Mattia, a paz não existe e, se tentar fugir de seus problemas, outros aparecerão.

No final do livro há informações extras bem interessantes, e fiquei bastante surpresa em descobrir que o ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1943 sofreu com a crítica que implicava com seus textos dizendo que eram absurdos e sem verossimilhança. Fiquei me perguntando em que mundo essas pessoas viviam pra fazer uma crítica tão besta, pois basta olhar um pouquinho para o mundo através de nossas janelas para presenciar o absurdo que se impõe sobre nós todos os dias.
Não é o primeiro nem será meu último Pirandello lido.
Reticente da Silva 29/03/2021minha estante
Estou lendo Cadernos de Serafino Gubbio e é impressionante a leitura de Pirandelo sobre a Modernidade que começava a caminhar. Depois desse texto ele pula para o teatro para tentar ampliar a sua obra.

Ele é incrível


Val Alves 29/03/2021minha estante
Esse livro que vc citou ainda não tinha ouvido falar.


Val Alves 29/03/2021minha estante
Já até coloquei na minha lista rs. Obrigada!


Reticente da Silva 30/03/2021minha estante
Ah que legal... depois me diz o que achou :)


Val Alves 30/03/2021minha estante
Com certeza! ;)




Heidi Gisele Borges 19/03/2021

becodonunca.com.br
Em 28 de junho de 1867, em Agrigento/Girgenti, na Sicília, nascia Luigi Pirandello, autor de O Falecido Mattia Pascal (1904), Um, Nenhum e Cem Mil (1926), entre outros romances e peças. Ganhou o prêmio Nobel de Literatura de 1934. Faleceu em 10 de Dezembro de 1936.

Sobre O Falecido Mattia Pascal (Abril Coleções, 314 páginas), não sei o motivo, mas esse livro me chamou.

Queria colo. Aceitei levá-lo comigo.

No começo a leitura é um pouco arrastada. Mattia Pascal narra sobre sua infância, em que passa muitas adversidades, e dá vontade de abandoná-lo, contudo, por algum motivo desconhecido - já que não tenho nenhum problema em abandonar livros que não estão me cativando, seja para sempre ou para voltar em algum momento - continuei a leitura.

Mattia se casou e sua mulher deu à luz gêmeas, uma morreu em pouco tempo, a outra faleceu alguns anos depois, no mesmo dia em que sua avó materna também se foi. A vida desse homem não era fácil. A mulher não se cuidava mais, a sogra implicava com ele.

Pois um dia Mattia se revolta com essa vida. Ele, um bibliotecário em uma cidade que não lê, resolve sair de casa. Confesso que depois dessa parte comecei a gostar de passear pelas desventuras desse homem que se descobre, ao ler um jornal, morto.

Acontece que ele abandona a casa em que mora e vai para outra cidade onde acaba descobrindo o jogo de roleta e numa sorte de principiante, acaba ganhando muito dinheiro. Quando está em um trem a caminho de casa, fazendo cálculos de quanto e para quem deve, percebe que ficará sem nenhum tostão. Compra um jornal e lê a fatídica notícia de que seu corpo havia sido encontrado, Mattia Pascal tinha se matado!

Mas como não é um romance fantástico, e esse que nos acompanha não é um fantasma, o homem culpa a sogra de querer se livrar do peso e reconhecer Mattia em qualquer cadáver.

Pirandello se filiou ao partido fascista em busca de apoio para a sua companhia de teatro. "Ele assumiu - com a ajuda de Mussolini, antes de se tornar antifascista - a direção do Teatro d'Arte di Roma, em 1925, até sua morte" (...) "Ele chegou a doar sua medalha do Nobel ao governo fascista após a Itália declarar guerra à Etiópia, em 1935". Fiquei sabendo desse "detalhe" depois de terminar a história, quando li sobre vida do autor no especial que contém no final da obra. Essa medalha, esse pequeno objeto, pode ter causado muita dor, pode ter sido transformado em uma arma, em balas. Um momento muito triste da História em que infelizmente alguns precisavam de apoio, mesmo que do lado errado, alguns, por medo, eram obrigados a isso... Enfim, não vou me aprofundar, pois não li nada mais sobre o assunto na vida do autor.

Mas essa edição da Abril Coleções, além de ser visualmente muito bonita, com capa dura e tecido, contém notas de rodapé que deixam o romance ainda mais rico. A história vale a pena ser lida.

Beco do Nunca
becodonunca.com.br

site: http://www.becodonunca.com.br/
Val Alves 29/03/2021minha estante
Não sabia dessa ligação dele com o fascismo. Que triste. :/


Codinome 06/07/2021minha estante
Boa resenha! Só achei meio infantil o ato de abandonar livros que não te cativam no início: é algo que pode acontecer sim. No entanto, só pegando várias porcarias para ler que não é um problema isso como hábito.




Beatriz Rosa 31/10/2020

Liberdade! Liberdade?
Um livro que comprei por intuição, sem nunca ter ouvido falar dele e com uma rápida lida na sinopse. E como fico feliz por tê-lo tirado daquela estante no sebo!

Trata-se de um homem que conta sua história de vida e, ao mesmo tempo, faz reflexões acerca da pequenez dos indivíduos perante a imensidão do universo.

Com base nisso esperava uma leitura triste e arrastada, no entanto, Mattia Pascal se mostrou um personagem muito divertido e carismático, nos presenteando com uma narrativa leve, mesmo quando questionou a importância dos indivíduos e suas vidas isoladas diante da história do mundo.

Uma outra questão muito presente na história é a da liberdade, seria possível sermos livres? Mesmo após nossa morte seríamos livres? O que nos aprisiona realmente é a raiz das nossas aflições? Ou seria a liberdade que nos afligiria? Uma narrativa que com certeza vale a pena ser lida.
Val Alves 29/03/2021minha estante
Também fiquei pensando na questão da liberdade pois, mesmo acreditando tê-la, percebe-se logo que já muitos obstáculos para Mattia de fato ser um homem livre.




Vitor 29/06/2020

"Uma das poucas coisas e, talvez mesmo, a única que eu sabia ao certo era esta: que me chamava Mattia Pascal."
Luigi Pirandello (1867-1936), escritor italiano vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 1934, foi um dos grandes renovadores do teatro e um dos maiores dramaturgos modernos. Suas obras no geral tratam da questão da identidade, como na clássica peça "Seis personagens à procura de um autor" (1921).

No romance "O Falecido Mattia Pascal" (1904) não é diferente: o protagonista é um homem medíocre, sem grandes ambições, metido num casamento fracassado e sem grandes posses; enfim: absolutamente infeliz. Quando tem a chance de ser dado como morto, aproveita e começa a viver uma segunda vida, após sua pretensa morte. A partir daí, acompanharemos as desventuras de Mattia Pascal em busca de quem ele é, do que o fará feliz, enquanto morto caminhando em vida.

A escrita de Pirandello é segura, elegante, por vezes intrusiva (lembrando Memórias Póstumas de Brás Cubas, ainda que menos experimental), com muitos tons de humor e ironia (sim, lembra muito o nosso Machado); a narrativa é feita pelo próprio Mattia, que conta e debocha de sua própria história, narrando do além-túmulo sua malfadada e tragicômica jornada.

Tratando com desenvoltura e técnica irretocáveis os temas da identidade (se pudéssemos recomeçar nossa vida do zero, o faríamos?), da liberdade humana (até onde somos realmente livres em sociedade?) e da hipocrisia social (se morrêssemos, quem de fato se importaria com nossa morte?), o livro de Pirandello é um clássico incontornável da literatura do século XX, e deve ser lido por todas e todos: leitura fundamental.


Marcus Klinger 22/10/2020minha estante
Acabei agora esse clássico, perfeito!!


Val Alves 29/03/2021minha estante
Também me fez lembrar do Machado.




Mario Miranda 20/02/2020

Luigi Pirandello foi o 3º Italiano a ser laureado com o Prêmio Nobel da Literatura (1934). De sua vasta obra, O Falecido Mattia Pascal foi das que mais contribuiu para a popularização do autor, tanto dentro da Itália quanto internacionalmente.

A obra narra a história do personagem homônimo que, após sucessivos dissabores na vida, culminando em um matrimônio indesejado, tem a possibilidade de recomeçar a sua vida após ganhar uma quantia considerável de dinheiro na França e, paralelamente, é dado como falecido em sua cidade natal. Retornando a Itália, decide morar em Roma, onde reinicia uma nova vida, com uma nova identidade. Decepcionado com sua existência, sendo desafiado para um duelo, simula uma segunda morte, decidindo, por fim, retomar a sua existência pretérita: uma existência que não possui mais.

Mattia é o indivíduo contra si próprio, um indivíduo em constante insatisfação, alguém em busca do seu real ser. E em sua permanente insatisfação, resolve, inclusive, retornar a ser aquilo que inicialmente ele se recusou.

Pascal, apesar de não ser um morto propriamente dito, assim o é para a sociedade. É um Brás Cubas narrando a sua – ou melhor: as suas – história.


site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
Val Alves 29/03/2021minha estante
Gostei da sua definição de que ele é um indivíduo "contas si próprio ".


Mario Miranda 06/04/2021minha estante
=)




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Val Alves 29/03/2021minha estante
Você deve gostar também de Seis personagens à procura de um autor, também do Pirandello.




Sanoli 21/03/2018

http://surteipostei.blogspot.com.br/2018/03/o-falecido-mattia-pascal.html
http://surteipostei.blogspot.com.br/2018/03/o-falecido-mattia-pascal.html

site: http://surteipostei.blogspot.com.br/2018/03/o-falecido-mattia-pascal.html
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Marker 20/09/2017

História de um homem vivo, ainda que duas vezes morto, que acredita ter sido acometido por grande sorte quando é confundido com um suicida e se vê completamente livre das amarras e mesquinharias que lhe traziam desgraça, mas logo descobre que fugir da própria essência é tarefa bastante complexa. Tem lá suas doses de humor, discussão filosófica e política, reverência a história da literatura italiana, e no meio de tudo isso é um grande (talvez o maior) exemplo da genialidade de Luigi Pirandello.
Val Alves 29/03/2021minha estante
Também achei genial.




Fabio Shiva 18/03/2017

A morte dá sentido à vida
Muito bom esse livro, obra que diverte e faz pensar. Dentre todos os autores laureados com o Prêmio Nobel de Literatura que li até hoje, Pirandello é certamente o que tem a veia cômica mais aflorada.

É o próprio Mattia Pascal quem narra sua singular história: “já morri, sim, duas vezes, mas a primeira, por engano, e a segunda... irão saber.”

Dado como morto por todos que o conheciam, Mattia tem a oportunidade de começar uma nova vida, sob uma nova identidade. Mas longe de ser a liberdade que ele almejava, a condição de “morto” acaba se tornando uma nova e insuspeitada escravidão... o que não o impede de desenvolver uma série de reflexões sobre a vida e a morte.

Muito interessante é o recurso utilizado pelo autor de apresentar, através do personagem Paleari, alguns pensamentos bem profundos sobre o sentido da vida, mas que são recebidos pelo um tanto obtuso Mattia Pascal com deboche e ironia, como se não passassem de devaneios de um velho gagá. Recurso arriscado, que em mãos menos hábeis talvez não surtisse o efeito desejado, de fazer pensar sem cometer o grave crime de querer “dar aula” ao leitor, além de deixar a questão em aberto, possibilitando novas reflexões.

Eu, pessoalmente, obtive dessa leitura um ganho a mais, pois ao contrário da maioria das pessoas, também já morri, não apenas duas, mas três vezes, graças a um problema na parte elétrica do coração que obrigou os médicos a forçarem uma parada e a reinicialização das batidas cardíacas por meio de choque elétrico. Trata-se de um procedimento perigoso e de êxito incerto, mas felizmente dei um “restart” no coração por três vezes e ainda estou aqui. Foram momentos difíceis para mim e para minha família, mas hoje posso dizer que foram algumas das melhores coisas que já me aconteceram, por me proporcionar, assim como ao caro Mattia, a possibilidade de vivenciar de forma mais próxima a morte e, assim, obter uma visão privilegiada sobre a preciosa dádiva da vida. Foi, aliás, graças a esses episódios que passei a me chamar Fabio Shiva (tendo nascido Fabio Lopes Barretto), como explico no poema “3 X CTI”:

Fabio Lopes morreu.
Fabio Barretto morreu.
Fabio sem nome morreu.
Antes eles do que eu!


site: https://www.facebook.com/sincronicidio
Codinome 06/07/2021minha estante
Boa resenha!!


Rosa Santana 25/10/2021minha estante
Interessante demais sua resenha, Shiva!


Fabio Shiva 26/10/2021minha estante
Olá Rosa e Codinome!
Gratidão pelos comentários e por essa energia boa!




vgmaysonnave 08/03/2017

A inverossimilhança da vida, e da arte
Nesse romance de Luigi Pirandello temos contato com a história de Mattia Pascal, homem que após sofrer reversos da vida se encontra em uma situação no mínimo inusitada. Os desfeichos que sua vida leva nos transporta para a questão do eu, e do eu. Onde o homem se torna ao mesmo tempo, vítima e feitor de sua história.
Construido em uma exelente narrativa (tão comum aos italianos), Luigi Pirandelli faz mais que uma crítica a sociedade de seu tempo: monta uma formidavel forma de transcrever a inverossimilhança entre a vida e a arte - ou a ausencia dela.
Infelizmente, na edição que tenho (editora Abril - 1972) falta a página 253, em seu lugar esta novamente a pagina 235. Me deixando o espaço entre:" Bem, alguma coisa de Adriano Meis me permaneceria na [...] Não sabendo o que fazer e na esperança de distrair-me um pouco de tantas apoquentações, levei êsses dois mortos a passear por Pisa." O que espero não ter me custado nada na compreensão do texto.

No mais recomendo esse romance, que desde já me fez um apreciador do autor.
Codinome 06/07/2021minha estante
Curiosa essa troca de páginas!




Júlia 26/08/2016

" - Ora, meu amigo... Eu sou o falecido Mattia Pascal."
Numa visita a um sebo em Curitiba, encontrei Mattia Pascal. Entre tantos títulos que poderia escolher, senti que poderia ser uma boa companhia. Confesso que tinha outras leituras em mente quando voltei para São Paulo, mas o título me pareceu tão atrativo que não consegui resistir.

Mattia, ao dar início à sua história, pareceu-me tanto Brás Cubas (aquele das memórias póstumas!) que não pude deixar de simpatizar com o sujeito. Logo no primeiro capítulo, diz que irá nos contar como foi que morreu não uma, mas duas e como continua vivo.

Nascido numa família cheia de posses e (que, como ele nos conta, foram roubadas pelo seu administrador após a morte do pai) e vivido uma adolescência resumida em vadiagem, Mattia se tornou um infeliz quando adulto. Sem condições de sustentar a sua família, atormentado por um casamento fracassado e por uma sogra megera, ele encontra sustento trabalhando na biblioteca abandonada da sua pequena cidade. Porém, como desgraça pouca é bobagem, Mattia então perde as duas pessoas mais importantes de sua vida no mesmo dia: sua mãe e sua pequena filha.

Desconsolado, ele pega as poucas liras que seu irmão lhe enviara para o enterro da mãe e pega um trem. Decide ir para Monte Carlo onde, num cassino, a sorte pela primeira vez lhe estende a mão. Enriquecendo após as suas apostas, ele resolve voltar para Miragno e resolver sua vida, mas no meio do caminho ele descobre por uma matéria num jornal que seu corpo foi encontrado no moinho de uma de suas antigas propriedades e reconhecido pela sua mulher. A princípio ele fica indignado, mas logo percebe que essa é a sua chance de se livrar de toda aquela vida que ele não desejava mais. Da mulher que o desprezava, da sogra que tanto o atormentava, das dívidas e do emprego medíocre de bibliotecário.

Sua narrativa, apesar de trágica, muitas vezes nos soa cômica e nos confidencia todas as suas reflexões sobre a sua nova vida ̶ sobre o sentimento de solidão e exclusão. Por sua condição de morto, ele acaba vivendo como um observador da vida e, ao resolver alugar um quarto de uma família em Roma, Mattia se encontra encurralado pela vida passada, pois ela não lhe permite viver a vida que escolheu: a vida como Adriano Meis.

O tema central, "a tirania da máscara", também presente nas outras obras do autor siciliano Luigi Pirandello, trata das convenções sociais que obrigam o homem a ter apenas uma identidade, enquanto há uma "multidão de vidas" que poderiam ser vividas. Uma vida repleta de limites.

Mesmo que a leitura tenha sido cansativa para mim em alguns momentos, ela flui muito bem grande parte do tempo. A minha primeira experiência com Pirandello, sem dúvida alguma, não poderia ter sido melhor.
Val Alves 29/03/2021minha estante
Também me fez lembrar de Brás Cubas.




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Val Alves 29/03/2021minha estante
Eu fiquei em dúvida se ele tava de fato apaixonado por Adriana, ou se era só mais um capricho de Mattia.


Codinome 06/07/2021minha estante
Acho que esse detalhe do Mattia querer voltar, ou não, para Adriana é bem insignificante e é algo que se espera para os contos de fadas e histórias românticas. Mas é uma opinião honesta a sua, talvez goste de histórias mais românticas e com aquele "happy end".




Pandora 09/01/2015

Quem é que nunca desejou, ao menos por alguns instantes, deixar a própria vida, ser outra pessoa, escapar dos problemas? Mattia Pascal tem esta chance e a aproveita. Mas como bem escreveu Leminski:

"... problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear:
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas."

Passada a euforia da liberdade, Mattia tem que lidar com novos e não menos árduos aborrecimentos. E viver a angústia de ter um passado inventado no qual tem que acreditar e fazer crível aos outros, temendo o risco de ser desmascarado a qualquer momento. Na própria solidão - uma vez que não pode ser absolutamente sincero com ninguém em sua nova vida - vê que não é mais livre do que antes, nem imune aos novos sentimentos.
É um livro reflexivo, porém leve, de leitura agradável, que retrata a sociedade de maneira irônica e cômica.
Val Alves 29/03/2021minha estante
Perfeita citação do Leminski.


Pandora 29/03/2021minha estante
Val :))


Codinome 06/07/2021minha estante
Boa resenha, com interessante brevidade!!




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