Heidi Gisele Borges 19/03/2021becodonunca.com.brEm 28 de junho de 1867, em Agrigento/Girgenti, na Sicília, nascia Luigi Pirandello, autor de O Falecido Mattia Pascal (1904), Um, Nenhum e Cem Mil (1926), entre outros romances e peças. Ganhou o prêmio Nobel de Literatura de 1934. Faleceu em 10 de Dezembro de 1936.
Sobre O Falecido Mattia Pascal (Abril Coleções, 314 páginas), não sei o motivo, mas esse livro me chamou.
Queria colo. Aceitei levá-lo comigo.
No começo a leitura é um pouco arrastada. Mattia Pascal narra sobre sua infância, em que passa muitas adversidades, e dá vontade de abandoná-lo, contudo, por algum motivo desconhecido - já que não tenho nenhum problema em abandonar livros que não estão me cativando, seja para sempre ou para voltar em algum momento - continuei a leitura.
Mattia se casou e sua mulher deu à luz gêmeas, uma morreu em pouco tempo, a outra faleceu alguns anos depois, no mesmo dia em que sua avó materna também se foi. A vida desse homem não era fácil. A mulher não se cuidava mais, a sogra implicava com ele.
Pois um dia Mattia se revolta com essa vida. Ele, um bibliotecário em uma cidade que não lê, resolve sair de casa. Confesso que depois dessa parte comecei a gostar de passear pelas desventuras desse homem que se descobre, ao ler um jornal, morto.
Acontece que ele abandona a casa em que mora e vai para outra cidade onde acaba descobrindo o jogo de roleta e numa sorte de principiante, acaba ganhando muito dinheiro. Quando está em um trem a caminho de casa, fazendo cálculos de quanto e para quem deve, percebe que ficará sem nenhum tostão. Compra um jornal e lê a fatídica notícia de que seu corpo havia sido encontrado, Mattia Pascal tinha se matado!
Mas como não é um romance fantástico, e esse que nos acompanha não é um fantasma, o homem culpa a sogra de querer se livrar do peso e reconhecer Mattia em qualquer cadáver.
Pirandello se filiou ao partido fascista em busca de apoio para a sua companhia de teatro. "Ele assumiu - com a ajuda de Mussolini, antes de se tornar antifascista - a direção do Teatro d'Arte di Roma, em 1925, até sua morte" (...) "Ele chegou a doar sua medalha do Nobel ao governo fascista após a Itália declarar guerra à Etiópia, em 1935". Fiquei sabendo desse "detalhe" depois de terminar a história, quando li sobre vida do autor no especial que contém no final da obra. Essa medalha, esse pequeno objeto, pode ter causado muita dor, pode ter sido transformado em uma arma, em balas. Um momento muito triste da História em que infelizmente alguns precisavam de apoio, mesmo que do lado errado, alguns, por medo, eram obrigados a isso... Enfim, não vou me aprofundar, pois não li nada mais sobre o assunto na vida do autor.
Mas essa edição da Abril Coleções, além de ser visualmente muito bonita, com capa dura e tecido, contém notas de rodapé que deixam o romance ainda mais rico. A história vale a pena ser lida.
Beco do Nunca
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