Ana Júlia Coelho 17/03/2024A África do Sul foi assolada pela segregação racial durante séculos. Esse livro traz exatamente a evolução do apartheid ao longo das décadas.
Mais uma vez, os europeus embarcaram em uma aventura para explorar novas terras. Quem chega para invadir a África do Sul é a Holanda, que decide estabelecer ali uma base para reabastecimento dos viajantes que tentam cruzar os mares ao extremo sul do continente africano. Mas, para o povo ali residente, a Holanda trará muito mais que um porto inocente e simples. Começa aí a expulsão dos nativos de suas terras e o estabelecimento do apartheid.
De alguma forma, esse povo escroto conseguiu se sobressair e sufocar uma população muito mais numerosa. Os nativos foram empurrados cada vez mais pra dentro do continente e perdendo seus direitos como cidadãos e pessoas. Claro que vez ou outra algum preto se revolta e tenta combater esse racismo extremamente disseminado, mas logo é assassinado. Até que as coisas finalmente começam a mudar com o levante de Mandela.
O livro é dividido em algumas partes, sendo as duas primeiras um pouco mais devagar de ler, já que tratam da chegada dos holandeses e de questões políticas. A segunda e quarta partes tratam mais sobre Nelson Mandela e todo o sofrimento ao longo dos 27 anos de cárcere. A terceira parte, em especial, me chamou muito a atenção, ao tratar mais cruamente de todas as consequências geradas para o povo preto por conta do apartheid. Falta de assistência médica, falta de educação básica, falta de tudo, por causa de uma cor de pele.
Lendo a história e sabendo que, nas últimas décadas, o sofrimento gerado na população preta foi inspirada no que rolou na Alemanha, é inevitável comparar com os judeus e se assustar, mais uma vez, com a capacidade humana de causar dor ao próximo ? e usando o nome de deus para isso. Pior é perceber que o povo da África do Sul só se viu livre desse regime segregacionista nos últimos 30 anos! É emocionante ver Mandela narrando a primeira eleição direta e sua primeira oportunidade de votar (com mais de 70 anos).
Para mais resenhas, me siga no Instagram @livrodebolsa