Phi 18/05/2024
Um livro sobre amor, em muitas formas
O livro é contado como se fosse a gravação de um documentário, e é fácil se perder na leitura fácil e descontraída do livro. Os personagens parecem vivos, expressivos, e cada um dá gosto de conhecer.
A personagem que mais me cativou foi Daisy Jones. Desde o começo, quando ela me fez refletir que todo mundo tem seus problemas, e o dela é de que ninguém a amava de verdade, nem seus pais. Nessa vontade de atenção e ser querida, ela buscou beber e fumar para ser a descolada, e fazia sexo até jovem porque acreditava que ela seria querida assim. Ela amadurece e vira uma personagem forte. Fragilizada porque nunca entendeu o amor (e bem antes, entendeu o sexo), ela amadurece ao ponto de não querer só buscar atenção, mas querer só compor as músicas dela, porque era o que ela queria fazer. No entanto, ela precisou amadurecer ainda mais, porquê só querer fazer o que quer também não é maturidade: é preciso ceder, e achar um meio termo, que não é bem o que você quer mais, mas é um bom equilíbrio. Depois, ela conhece Billy, que é a única pessoa que realmente a entende, e eles alcançam um som criativo enorme quando estão juntos. Ela queria se aproximar dele, mas ele era comprometido. Isso fez ela tomar muitas, muitas decisõs ruins, como se casar por impulso e se drogar até quase morrer. Mas ela se choca, resolve se cuidar mais, e, principalmente, ouve Camila (a esposa do billy) dizer o que ela não estava sacando nunca: que era desejada sim, por muita gente. Ela tinha um dom criativo de tocar o coração dos outros, e todo mundo queria ser como Daisy Jones. Humana, sensível, inspiradora. Ela amadureceu muito no livro, e sinto que esse final, dela descobrir ser querida, foi o melhor final para a personagem, mesmo não ficando com billy no fim.
Gostei muito do Billy também. Billy tinha um pai que o abandonou, e ficou inseguro demais sobre ser pai. Caiu num abismo, mas soube se levantar. Ele atinge um nível criativo elevado com Daisy, e achei lindo a cooperação deles em fazer um crescer com o outro: Daisy aprendia a se comportar e se conter toda vez que se sentia julgada por Billy, pois Billy acreditava no potencial dela; e Billy aprendeu, até certo ponto, que ele dando espaço para outra pessoa criar junto a ele, a coisa ficava ainda melhor que só com ele sozinho.
Foi um livro com amor como um dos temas centrais, e acho que ele se saiu muito bem nesse aspecto. O amor era algo imperfeito, o que é humano. Os personagens que se amavam queriam se esforçar para serem dignos de serem tão amados, com cada um no seu ritmo. Nem sempre era tudo suave, porque “amar é perdoar, ter paciência e fé, e às vezes levar uma surra no estômago”. Também foi ótimo ver um exemplo negativo de Daisy e Nicollo: ele nem se preocupava com Daisy e vivia muito impulsivamente. Um amor sem confiança e compromisso não vai pra frente. Um amor onde ambas as partes não evoluem juntos, só se destroem, não é um amor que dura.