Coppini 29/03/2024
A dualidade entre a juventude e a velhice
É, o tempo.
No início, ousei invejar Benjamin Button por rejuvenescer ao passar dos anos. Afinal, quem não gostaria de estar isento das mazelas do envelhecimento? Porém, ao percorrer as páginas, a tristeza emerge como o sentimento dominante e não há mais motivos para cobiçar as vivências de Button.
Em síntese, a perspectiva de Benjamin, ao observar o tempo, é o que confere ao livro sua singularidade. Essa visão interna, embora possa torná-lo menos envolvente do que o tão aclamado filme, também amplifica a tristeza - de maneira sóbria.
Contemplei a passagem do tempo através dos olhos de alguém que vive de trás para frente. É uma verdadeira melancolia.
Por consequência, não há no livro a tristeza daqueles que cercam Benjamin em seus últimos anos de vida. Em vez disso, vislumbra-se um menino cada vez mais inocente, menos consciente do mundo ao seu redor.
Para mim, genial.
Benjamin parte deste mundo com pensamentos juvenis e ingênuos, sem o peso do passado ou a necessidade de refletir sobre suas experiências.
Ele é, em essência, uma criança recém-nascida, apesar de ter vivido mais de sete décadas.