larissa viana 25/06/2024
"Aprendemos a viver muitíssimos anos, mas não aprendemos ainda a amar sem dor os caminhos invertidos das estações. Esperamos uma porção de coisas de um pai, acima de tudo que continue para sempre capaz de nos educar. As idades desfilam velozes e cada mudança contém em si o prenúncio do nosso fim." - Mariana Salomão
Talvez, se nunca tivesse assistido o filme antes de ler esse conto eu gostasse ainda menos dele. Gosto do filme e o considero melhor desenvolvido e mais sensível que o conto em si, assim como a apresentação escrita por Mariana Salomão nessa edição da Antofágica. As breves palavras da autora, numa simples introdução, conseguiram me comover mais que as de Fitzgerald durante toda a história. Sei que se trata de um conto e a história há de ser breve, mas havia espaço para um desenvolvimento maior, tanto do enredo quanto do personagem principal. Benjamin Button parece nunca amadurecer, ainda que envelheça ao contrário, ele passa por todas as fases da vida como qualquer outra pessoa, mas o amadurecimento parece nunca chegar pra ele. Os personagens secundários parecem ter mais emoções que ele. Na verdade, ele parece apático quase sempre e tenho a impressão de que ele não chega a cativar realmente as pessoas que o cercam, ele quase nunca conversa com elas. Durante todo o conto, Benjamin se importa somente com as mesmas coisas, entre elas os estudos, festas e guerra. Outra coisa que me incomoda é a falta de perspectiva feminina, quase não há mulheres na trama e quando aparecem são estereotipadas. Hildegarde, por exemplo, merecia mais consideração, no entanto, é jogada de lado como uma esposa incompreensiva e egoísta, quando, de fato, tem todos os motivos para agir como tal. Ainda assim, é uma leitura reflexiva, tragicômica e interessante que vale a pena ser feita.