Resenhas - Morte e Vida Severina

cristian.ismo 26/04/2024

Obra absoluta de Melo Neto.
Mesmo com aparência repetitiva no início, o livro te mantém preso com a escrita dos versos, curtos, plenos, simples e poderosos. A trajetória de Severino segue-se a mesma diante todo o livro, com o objetivo de melhorar de vida ao se mudar. Com paradas durante sua trajetória, trazendo situações de pessoas com vida semelhante a do protagonista: fome, morte e o trabalho incessante, cria-se a imagem pesada de uma vida pertencente a terra. Com o tempo, o leitor consegue enxergar o peso da vida severina e com o final, trazer uma conclusão a esse sentimento. Incrível.

aninha 25/04/2024

Que livro chato jesus cristo
poema pra mim não dá, de jeito nenhum consigo ler. não sei se é pq é leitura obrigatória ou se eu sou só rasa demais pra entender, mas esse n deu

Marcos Hübner 25/04/2024

Até a terra morreu de fome?
O épico que dá nome ao livro é leitura obrigatória. Traz diálogos de uma profundidade absurda sobre a fome, a cede, a morte e a vida. Os demais poemas do livro não tiveram o mesmo impacto, alguns tive que dar uma forçada para terminar. ?Uma faca só lâmina? fala do relógio, da faca e da bala, me parece trazer um diálogo com o auto de natal pela morte como fator certo, pela faca, pela bala ou pelo próprio tempo. Outros poemas serviram para ilustrar o espaço físico do estado, de recife e a importância dos seus rios. Enfim, quero deixar alguns pedaços marcados para retomar depois.

Pg66 ?É uma luta contra a terra e sua boca em saliva, seus intestinos de pedra, sua vocação de caliça. Que se dá de dia em dia. Que se dá de homem em homem. Que se dá de seca em seca. Que se dá de morte em morte?

Pg92 ?E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia.?

Pg 108 ?Está cova em que estás com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, nem largo nem fundo, é a parte que te cabe deste latifúndio. Viverás para sempre na terra que aqui agora e terás enfim tua roça?

Pg 132 ?Severino, retirante, deixe agora que lhe diga: não sei bem a resposta da pergunta que fazia, se não vale mais saltar fora da ponte e da vida, [?] mas não há melhor resposta que o espetáculo da vida, [?] mesmo quando é uma explosão como a de há pouco, franzina; mesmo quando é a explosão de uma vida severina?

FIM.

Ps: o livro não é homogêneo em qualidade e densidade, mas vale absurdamente pelo menos a leitura isolada do poema épico ?Morte e Vida Severina: auto de Natal pernambucano? pg 91 a 133

byasz 23/04/2024

"Morte e vida severina" retrata a trajetória de um retirante que saiu do sertão nordestino em direção ao litoral a fim de encontrar melhores condições de vida, e sem ter muita noção geográfica, se deixava guiar pelo rio. Com uma severidade sem igual, Cabral discorre em seus versos, a realidade daqueles que não emigram por grande cobiça, e sim para sobreviver, aqueles que nascem sem vez: os severinos.
Essa realidade é mostrada logo no início, quando o retirante busca, ao se apresentar, uma forma de se individualizar. Porém, percebemos que quanto mais ele tenta, mais ele se equipara aos tantos outros severinos, que vivem e morrem igual.
A coletânea é sobre a relação de Severino com a vida, e sobretudo com a morte. O retirante encontra, durante todo o caminho, muitos severinos sem vida, pessoas com as quais ele se identifica: gente que ansiava pela sobrevivência. O tormento dessa gente marginalizada é tão grande, que Cabral emprega o termo "severino" a tudo aquilo que é sofrido: as pessoas que retiravam e suas respectivas vidas. Severino passa a questionar o sentido daquilo tudo, e acha cada vez mais difícil defender a vida, ainda mais se for uma vida severina.
O livro me emocionou de diversas formas, em especial, na parte que o protagonista assiste o enterro de um trabalhador e escuta as últimas palavras dos amigos ao defunto.
Gostaria muitoo de ter tido a oportunidade de tomar um café com esse gênio da literatura nacional.

MariaCicilia 22/04/2024

Lindos poemas, cruéis. Excelente leitura, super rapidinha e boa de digerir. Tinha esquecido de falar um pouco sobre esse quando terminei kkkkkk

Teheburpla 21/04/2024

Morte e vida severina - João Cabral de Melo Neto
O poema que dá título à obra, "Morte e Vida Severina", é uma jornada emocionante de um retirante em busca de uma vida melhor, mas confrontado com as adversidades cruéis da seca e da pobreza. Cabral utiliza uma métrica rigorosa e uma linguagem despojada para expressar as lutas e as esperanças do povo nordestino. Além disso, a coletânea inclui outros poemas marcantes que exploram temas como a aridez da paisagem, a luta pela sobrevivência e as injustiças sociais. Com sua poesia visceral e impactante, João Cabral de Melo Neto oferece uma visão profunda e comovente da condição humana, deixando um legado duradouro na literatura brasileira.

EduardaMarquess 16/04/2024

Nessa edição, estão presentes 4 obras do autor: O Rio, Paisagens com Figuras, Morte e Vida Severina e Uma Faca só Lâmina, além de uma bibliografia mencionando os principais pontos da vida profissional de João Cabral de Melo Neto, e uma lista com todas as suas obras e informações de publicações. Bem completa!

Sobre as obras, gostei de alguns trechos da 1° e da 2°, a 3° é a minha preferida, li várias vezes, a 4° não gostei, talvez por ignorância.

Como Pernambucana na nata, é uma honra ser conterrânea de um escritor tão consagrado e que fez questão de retratar não só o Pernambuco, como o Nordeste de maneira tão bela, mesmo que tantas vezes dolorosa.

Ps.: minha opinião sobre a obra e sobre o autor é totalmente influenciada por questões pessoais. Se fosse para avaliar de modo cru as poesias, a avaliação seria mais baixa.

Daniel1242 16/04/2024

Gostei muito do conto rio, mas morte e vida Severina, mesmo que escrito de forma bem bonita não me cativou tá tanto.

Vinicius_Alves.45 02/04/2024

Poesia é uma coisa que sempre me toca. Ver a forma como o sertão é tratado poeticamente por João Cabral de Melo Neto é muito inteligente. Algumas partes eu achei meio cansativa, acho que foi porque li muito rápido. A esperança, o renascimento do pai representado pelo nascimento do filho é muito interessante nesse cenário que permeia a vida e a morte constantemente.

Maria19642 26/03/2024

O engenheiro da palavra
João Cabral de Melo Neto é um dos melhores poetas da literatura brasileira, tendo ganhado destaque entre os modernistas da geração de 45 e, por isso, ganhou a alcunha de o "engenheiro da palavra", pois a manuseava como ninguém.
Um de meus poemas favoritos da vida "A voz do canavial" foi escrito por ele e é perfeito, principalmente pela sua sonoridade, mas não é ele não é a estrela dessa resenha. Conhecido como o auto de natal pernambucano, o poema "Morte e Vida Severina" retrata a imagem do retirante nordestino, seus sonhos, suas subjetividades, seus medos e angústias. É notável, ao longo da leitura, o motivo de ser um dos melhores da língua portuguesa como um todo. J.C.M.N não poupa ninguém e nem utiliza palavras bonitas ou grandes demais para expressar a vida severina, mas a grandeza do que ele escreve supera a simplicidade de sua linguagem.
Muitos já se propuseram a falar do "coitado nordestino" ou do "retirante angustiado", mas poucos lhe deram voz como J.C.M.N deu. Essa voz, creio eu, não pode ser resumida em uma resenha, mas merece uma aula inteira, ou melhor, um clube inteiro dedicado a escutá-la e a entendê-la. Às vezes, na academia, entender é bem mais difícil do que estudar.
De qualquer modo, leitura fantástica, fluente e totalmente necessária. Não leio muito poesia, mas quando leio João Cabral de Melo Neto, sinto que estou o lendo há muito tempo.

Bruno236 25/03/2024

Cruel, violento, sanguíneo, Realidade crua.
O texto de João Cabral de Melo é belíssimo.

Sua escrita é bastante marcada por recursos métricos e estilísticos de uma poesia mais clássica.

Me fez pensar muito na herança ibérica das tradições e cultura nordestino e funciona bem pra construir o clima de seus poemas.

Retrata de maneira sem igual a triste realidade das secas, e das várias emigrações dos retirantes nordestinos.

Como potiguar que sou me senti muito tocado pela temática.

Pâm 23/03/2024

Morte e vida Severina
Retomar essa leitura traz consigo uma oportunidade de conhecer outros aspectos da poesia. Ademais, a narrativa possui um contexto histórico, político e social. É interessante observar o sentido e significado do rio, como esperança, vida e fartura. No entanto, o rio não é para todos. E, nessa trajetória, Severino, apresenta as desventuras de uma vida dura, sertaneja.

leiturasdabiaprado 20/03/2024

Poema não é o meu forte, mas eu precisava ler João Cabral de Melo Neto!
Admito que as outras obras não me pegaram muito, entendo a beleza da narrativa e a importância do relato, mas como não sou fã de poema não me impactou!
Mas, Morte e vida severina é diferente, o texto é esplêndido, forte e impacta, não tenho capacidade para analisar a sua importância, então, tomo a liberdade de transcrever apenas um pequeno trecho, para que você também possa sentir um pouco dessa força:
"Morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia".

Cleber 18/03/2024

Lendo o Brasil Pernambuco
Através do desafio literário Lendo o Brasil, representando o estado de Pernambuco.
Um clássico da literatura brasileira.

"E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia"

Lua 12/03/2024

Estava lendo há alguns dias
Finalizado hoje.
Fiz uma leitura rasa. E esta não é a maneira mais proveitosa para ler o arquiteto das palavras.
Senti menos dificuldade em ler Morte e vida Severina por já conhecer o texto. Mas confesso que Paisagens com figuras e Uma faca só lâmina me deixaram atordoada. É preciso variados conhecimentos prévios para não perder a mensagem principal desses poemas. Acredito também que revisar um pouco sobre o estilo da estrutura mesmo que ele utiliza em sua poesia também seja de grande ajuda na compreensão. Farei uma segunda leitura, dessa vez com algumas anotações e bem devagar. De todo modo, recomendo. Cabral é Cabral. ?