Germinal

Germinal Emile Zola



Resenhas - Germinal


193 encontrados | exibindo 151 a 166
1 | 2 | 3 | 4 | 11 | 12 | 13


Dri 11/04/2018

Obra direta e chocante
Émile Zola apresenta em sua obra fatos reais e chocantes. A obra possui como nome “Germinal” e este nome retrata o primeiro mês da primavera no calendário da Revolução Francesa. Foi escrita em 1885 e narra a germinação das transformações sociais.

Zola traça um retrato verídico do sofrimento dos mineiros de carvão na França, então todos os acontecimentos são reais e tristes. Todos os mineiros e suas famílias vivem em estado de miséria, todo mundo tem que trabalhar nas minas para levar dinheiro para casa, inclusive idosos, mulheres e crianças. Quando alguém morria ou se casava e ia embora de casa as pessoas se revoltavam, não pela separação, mas pelo fato de não trazerem mais as moedas para casa.

A obra é um marco do naturalismo francês e mostra a realidade nua e crua. Para retratar tão fielmente os acontecimentos, o autor passou dois meses trabalhando como mineiro e vivendo nas mesmas condições que eles. Enfim, é uma obra extremamente forte e que possui um diálogo verdadeiro, transformando a obra em atemporal, pois é como se estivéssemos lendo sobre as misérias atuais.

Recomendo muitíssimo!!

site: https://www.instagram.com/p/BhZmlIZnoqK/?taken-by=iadrineadr
comentários(0)comente



Samantha.gifalli 27/02/2018

Uma leitura de folego
Já falei tanto do livro por aqui e não consegui elaborar algum texto que fique a altura desta obra.

O livro de Émile Zola é de 1885, é o décimo terceiro da série Os Rougon-Macquart: história natural e social de uma família sob o segundo império. Nesta série, Zola a partir da descrição naturalista, retrata uma família que se desdobrará em 20 personagens pelos quais o autor fará uma fortíssima crítica social.

Não sei o por quê, mas não temos a saga inteira publicada no Brasil, sendo o Germinal a obra que representa os seus 20 irmãos. E o faz com tremenda maestria.

O livro retrata a história de Étiene Lantier (um dos filhos dos Rougon-Macquart, pelo que pude entender), um mecânico que após ser demitido de uma fábrica em plena crise industrial na França, passa os dias caminhando aleatoriamente a procura de fogo (inverno francês) e comida. De repente ele se depara com a Voraz, uma gigante mina de carvão, em que se aproxima das caldeiras para poder se aquecer. A partir deste momento, as condições de vida e de trabalho começam a ser descritas pelo autor com a riqueza de detalhes que só quem viveu na pela pode reproduzir (e o autor de fato trabalhou em uma mina durante um período para compor o romance). A fome, o calor, a insalubridade e - principalmente - a submissão, são os elementos que o autor utiliza para descrever os personagens.

Com base no naturalismo, Zola explana sobre as questões partindo das condições físicas e sociais. O autor passeia entre as condições internas naturais (instinto, violência, sexualidade) e as condições externas do ambiente físico e social (fome, calor, desigualdade, miséria) para determinar as ações dos personagens.

Neste passeio, Emile Zola trata de uma greve de mineiros nos primórdios da primeira internacional, descrevendo assim as principais angústias deste movimento político: as divergências entre revolucionários socialistas ou anarquistas e os reformistas; a questão da centralidade política e a vanguarda revolucionária e intelectualidade orgânica. Além dessas questões, o autor passa pelos conflitos de egos e os efeitos das ações individuais que ganham corpo e forma no coletivo para além das melhores intenções.

Com uma linguagem simples e uma leitura fluida, o autor trata da divisão de classes, que acumulação de capital e da questão da mais valia.

Uma leitura dura, mas para lá de necessária para aqueles que se dispoem a sair da zona de conforto e criar empatia. Uma verdadeira catarse em tempos de ódio.
comentários(0)comente



Gu Henri 11/02/2018

Luta de CLASSES
Creio que eu não deva escrever tudo que deveria, até porque seria um grande tratato político se o fosse fazer.
...

Germinal nos mostra não a dura vida de mineiros e/ou o surgimento de movimentos sindicalistas no século XIX, como em muitos lugares li, mas a mais crua, cruel e explícita luta de classes, é em torno disso que a obra gira.

Nota-se no começo um clima pós-apocalíptico, e um dos primeiros personagens a parecer se chama Boa-Morte, em meio a escuridão em seu velho cavalo... Prepara-se, pois, toda a crueza deste começo magistral irá se acentuar nas páginas seguintes, respire fundo e tente, se puder, manter o fôlego.

Zola nos afunda nos abismos do sofrimento, das paixões, das esperanças. Ao nos jogar no fundo de uma mina por um longo período (mesmo que pouco em páginas, a emoção é muita) é ali onde há um dos momentos mais extenuantes de nossas esperanças... sofre-se! Mas lá ainda resta uma gota de esperança... há uma grande catarse neste romance. Digno de situar-se entre os grandes clássicos da literatura.

Etienne Lantier é o humano que rompe com o triste destino de resignado. Talvez o ideal de que deva ser um socialista, como Zola propôs, ele não é como a massa ignata e raivosa. Ele é aquele que ama a humanidade, por isso se transforma. Não é o ódio aos burgueses, nem aos homens, é o dever para com a humanidade. É o conhecimento do sofrimento, do amor, da esperança. Isto é o que o move, o que o motiva. Não há ódio nele, como bem podemos comprovar inúmeras vezes. Ele repudia da violência, ela não é o caminho, pois, a massa, o exército, os burgueses quando dela fazem seu uso, não agem pela humanidade, mas pelo medo, pela obediência, pelas paixões, pela ignorância, pela irracionalidade de não entender as coisas.

Ao longo do romance Etienne transforma-se em um ser que não se resigna, que não está acabado, mas que se dá ele mesmo seu destino com sua instrução. A luta de classes há de terminar, pois é irracional, é avesso aos ideiais humanistas. Não é somente culpa dos burgueses, como bem diz ao final a mulher de Maheu "Culpa de todos."

O romance narra a dura vida dos mineiros durante uma crise na indústria do carvão. A crise é a própria consequência do sistema capitalista, são crises ciclícas, vão e voltam, dando sempre sofrimento aos homens. Até mesmo burgueses sofrem, e diferentemente dos miseráveis, eles não se preocupam com o que vão comer, a fome não os espreita cotidianamente, vivem suas vidas de total falta de sentido humano. Desprezam aqueles que lhes dão tudo o que tem, toda a abundância de que gozam é feita com a miséria de muitos. E também sofem quando os negócios não vão bem, Germinal também relata que os capitalistas comem a si próprios. Os maiores abocanhando os menores. E aí denuncia outra contradição do sistema: os monopólios.

Zola denuncia que todas as classes tem sua parcela de culpa, cabe aos que se indignam com a situação deste sofrimento que a luta de classes causa de mudar o mundo. É o curso natural da sociedade. O bem estar geral. Para tanto, cita-se até mesmo Darwin, onde a evolução mantém-se presente no enredo nas cabeças de certas personagens.

Ao final ainda há a grande esperança, não esqueçamos que os franceses sabem o que significa revolução; se houve uma, haverá outras, cedo ou tarde. E é esse o rumo da sociedade humana. A extinção da distinção entre as classes. Não mais sofimento para os homens. Um mundo novo. Germinará daqueles que sofrem, mas também daqueles que sabem deste sofrimento e querem extingui-lo.


comentários(0)comente



Cesar525 25/06/2017

Claustrofóbico!
Uou, segure o ar, respire fundo, e tente não se enojar com essa humanidade animalesca.

O livro é fascinante pela escrita simples e fluida, só que tratando de uma história densa e arrastada (no sentido de ser pesada, tensa).

E chama a atenção por pelo menos três aspectos que desenvolve magistralmente.

Primeiro, a crueza do trabalho de mineração. São as partes mais agoniantes do livro, dignas de dar pesadelos. E descrições tão minuciosas só mesmo com um trabalho de campo por trás (fiquei sabendo que Zola realmente trabalhou numa mina para saber como era!).

Segundo, a descrição da animalidade humana. São as partes mais perturbadoras do livro, um misto de enojamento com piedade e raiva. E o mais curioso, e que o livro bem ressalta, é que nosso lado mais animal nasce justamente dum dos aspecto mais sociais do mundo contemporâneo: a divisão do trabalho numa sociedade industrial.

Terceiro, toda a perrenga social e política. São as partes mais militantes, e ao mesmo tempo instrutivas, do livro. O autor consegue despertar em nós a centelha da revolta social, e então pareá-la com os altos e baixos da militância sindical e política (na verdade, é quase uma aula sobre o movimento sindical e todos os seus percalços).

É um livro realmente notável. Tem beleza, tem drama, tem política. E tem até, por que não?, um pouco de esperança.

Leitura obrigatória.
Flavio Rocha 09/07/2019minha estante
Que ótima resenha! Estou no início e gostando demais da obra!




spoiler visualizar
comentários(0)comente



Egídio Pizarro 25/10/2016

Impactante
"Germinal" foi publicado pela primeira vez em 1885 e traz em seu enredo o dia-a-dia de trabalhadores de uma mina de carvão. É bastante intenso, denso e detalhista.

O foco da narrativa é a exposição do conflito entre trabalhadores e patrões. A descrição das condições de trabalho dos mineiros (condições essas que hoje poderiam ser consideradas análogas à escravidão) e suas consequências diretas são cruéis e causam um desconforto bárbaro em quem lê. E acredito que o ponto forte da história acaba sendo o erro cometido pelos ditos socialistas (um erro que cometem desde sempre e que é cometido até hoje), exposto nas palavras de Suvarin: "Vocês nunca serão dignos da felicidade enquanto possuírem alguma coisa, enquanto esse ódio aos burgueses for apenas o desejo desesperado de serem burgueses também."

"Germinal" traz uma reflexão importante e que será enriquecedora assim que direita e esquerda quiserem dialogar em busca de um mundo mais justo.

(Mas não é recomendável a quem tem problemas sérios com claustrofobia...)
comentários(0)comente



Pedro Araújo 06/10/2016

O germinar da mudança
Émile Zola, em uma de suas obras mais ilustres e representantes do naturalismo, descreve com total domínio sobre a realidade, a vida miserável dos operários das minas do Norte da França. A obra toda é repleta de desejos socialistas e anseio por mudança por parte dos operários, que viviam na fome e miséria indignas de um ser humano. Liderados por Étienne e Rasseneur, dão início a uma longa e sangrenta guerra em favor de seus direitos e contra a burguesia exploradora, preocupada única e exclusivamente pelo capital. Os mineiros, no decorrer do movimento, são submetidos à situações de escassez de alimentos, de saúde, muitos vem a falecer por diversos motivos, mostrando o quão foi difícil a luta pela revolução.
comentários(0)comente



Gláucia 11/07/2016

Germinal - Émile Zola
Publicado em 1885 é o 13º volume da saga dos Rougon-Macquart. A ação se passa em 1866 tendo como protagonista Etiénne Lantier e retrata o dia-a-dia numa mina de carvão, descrevendo de forma muito crua a vida miserável e as condições de quase animalidade em que vivem seus trabalhadores. Fruto de pesquisa de campo por parte do autor que descreve com minúcias as minas, a vida na vila operária, as relações de extrema exploração a que eram submetidos os trabalhores, a forma de extração, os acionistas, capatazes e engenheiros, trabalho infantil, exploração das mulheres, etc. Romance duro onde até os cavalos sofrem.
A mina tem um nome muito sugestivo: Voraz. Personagens marcantes e representativos: o velho Boa Morte e sua família Maheu composta por gerações que sempre trabalharam e seus filhos que trabalharão até o morte nas entranhas da Voraz, a alienada Cécile e sua família, Suvarin, o terrível Chaval. A ação vai se desenvolvendo até culminar na explosão da greve, marcada por cenas de muita violência.
Zola criou personagens que representam algumas correntes políticas da época, como o socialismo mais radical e mais teórico e o anarquismo e a forma como essas correntes viriam posteriormente levar a uma reformulação das relações de trabalho.
O livro termina com um dos mais belos e inesquecíveis último parágrafo.
comentários(0)comente



ItaloDeck 10/07/2016

Duro, intenso e real: Germinal.
Germinal narra fatos ocorridos em um pequeno vilarejo mineiro francês que, quase 100 anos após o marco da Revolução Francesa, continuam lutando por condições dignas e salubres de trabalho e sobrevivência.
É um retrato belo, triste e não longe da realidade, de uma classe lutando por dignidade e reconhecimento além da mão-de-obra e do serviço.
É um livro atemporal, apesar de antigo e mais real do que se imagina.
A luta da classe operária por direitos transcende o que está escrito nas 200 e poucas páginas de Germinal e perdura até hoje.
Livro de leitura obrigatória para todos que desejam entender um pouco mais sobre o mundo capitalista em que vivemos.
comentários(0)comente



Conchego das Letras 29/01/2016

Resenha Completa
Olá pessoal!

Hoje vou trazer mais um clássico a vocês, mas desta vez já alerto: ele é forte.
Germinal, do autor Émile Zola, não é um daqueles livros que você vai ler com um sorriso no rosto. Não. Ele é um livro angustiante, que te faz pensar, refletir e ver o quanto a injustiça social, ainda nos dias atuais, está presente em nossas vidas.
Entrei em contato com este livro através das aulas de Literatura Brasileira, apesar de ele ser um clássico francês. O livro é naturalista e foi considerado um dos primeiros livros do Naturalismo a ser publicado. Assim, para termos uma ideia de como era o naturalismo estrangeiro, ele entrou como leitura obrigatória e eu fui a premiada.
Posso, sim, afirmar que fui premiada, pois fui surpreendida por este livro de forma inexplicável.
No começo, quando comecei a lê-lo, acho que estava de má vontade. O livro era grosso, o tema era forte e eu não tinha muito tempo. O negócio foi meio assim: leia ou leia.
Minha professora me emprestou uma versão em português de Portugal, o que dificultou muito a minha leitura e me fez optar em ler em pdf a versão da Martin Claret. Mas, quando a leitura de fato começou, fui fisgada pelos personagens e não consegui desgrudar os olhos ou o pensamento do livro até concluí-lo.


O livro

Germinal conta a história dos mineiros que lutavam por uma vida mais digna e é de forma tão cruel que sentimos na pele o quanto a fome, o frio e a miséria humana podem desvirtuar até o mais correto dos homens.

"Em breve, só um ficou, torturante, fatigando-o com uma interrogação a que não podia responder: por que não tinha acabado com Chaval quando o subjugara com a faca? E por que aquela criança terminava de esfaquear um soldado de quem nem sequer o nome sabia? Essa coragem para matar, o direito de matar, transtornava todas as suas crenças revolucionárias. Seria um covarde?"

Acompanhamos a trajetória de Etienne Lanthier, um rapaz que, desempregado, põem-se na estrada a peregrinar, até chegar a Montsou, lugar onde a imponente mina de carvão Voreux domina a paisagem. Com fome e frio, o rapaz aborda um velho que se apresenta como Boa Morte e pergunta a ele se há emprego naquele lugar. O velho não mente, diz que a crise chegou ao local e fechou todas as indústrias. O que resta é a Voreux, mas que não sabe se ele conseguiria algo lá.

Esperançoso, Etienne segue até a mina e então temos o encontro dele com a família Maheu. Maheu é um homem robusto e pai de sete filhos, que precisa sustentar a casa e por isso coloca todos os filhos para trabalharem no veio, sob os perigos iminentes dos gases explosivos e a água que, às vezes, bate na cintura.

Por saber como é sentir fome e não ter o que comer, o homem se apieda de Etienne e coloca-o para trabalhar de operador de vagonete, no lugar de uma moça que morrera no dia anterior. Maheu tem uma filha moça, a encantadora Katherine, que a princípio Etienne pensa ser um menino por conta de seu corpo miúdo e a coiva a tampar-lhe os cabelos ruivos. Porém, quando Etienne descobre que ela é uma menina, passa a observá-la com mais atenção e desejo e mesmo que inconscientemente, passa a trabalhar com mais afinco, dia após dia, apenas para estar junto dela. Porém, Katherine é cobiçada pelo traiçoeiro Chaval, um mineiro bruto e que não aceita não como resposta.
Em meio a miséria, Etienne sente-se divido entre ir embora a procura de uma vida melhor, ou ficar e ajudar aquelas pessoas tão miseráveis. Passa a morar na pensão de um ex-mineiro, o senhor Resseneur, onde faz amizade com um russo, Souvarine, mecânico que tem ideias muito inovadoras e apresenta a ele as teorias do novo mundo. Com o incentivo de Pluchart, um velho amigo, Etienne passa a estudar sobre direitos e deveres e até mesmo as teorias de Darwin, pois ele quer se tornar um líder.


“Etienne, agora, estava entusiasmado por Darwin. Lera fragmentos seus, resumidos e vulgarizados num volume de cinco soldos, e dessa leitura mal compreendida, fazia uma idéia revolucionária da luta pela existência, os magros comendo os gordos, o povo forte devorando a fanada burguesia.” (p.351)


Quando a situação beira o insuportável, Etienne instiga o povo a se rebelar contra a companhia e a reivindicar os seus direitos, gerando caos e devastação. Será que eles, pobres mineiros, serão ouvidos?
Então, de forma brilhante, Zola nos trás o ponto de vista dos burgueses, representados pelo diretor da companhia, o senhor Hennebeau e sua família, e os Grégoire, os proprietários da Piolaine. Temos a chance de ver como eles também não são perfeitos e as críticas sociais feita por Zola são brilhantes.
Enfim, não posso contar mais da trama, que é muito, muito rica. Mas gostaria de ressaltar que o personagem principal não é Etienne, muito menos Chaterine ou Chaval, a personagem principal é a própria mina e o que ela representa.

Minha opinião pessoal

É um livro intenso, onde os personagens são muito bem construídos e que aborda todas as características do Naturalismo: o detalhismo, o determinismo, o cientificismo, a crítica a burguesia e a Igreja e também o tratamento do ser humano como meros animais, entre outros aspectos que leva o leitor a sofrer junto com os personagens e a mergulhar no enredo de corpo e alma.
Quando cheguei ao fim da leitura, sentia a pele arrepiada e tive que voltar algumas vezes no final que explica exatamente o nome do livro. Sim, há uma explicação brilhante para este nome: Germinal e vocês vão se surpreender com ela.


“Num ímpeto, pendurou-se ao rapaz, procurando sua boca, onde colou apaixonadamente a sua. As trevas desapareceram, voltou a ver o sol, readquiriu um riso calmo de enamorada. Ele, trêmulo de a sentir assim contra a sua carne, seminua sob a jaqueta e as calças, cingiu-a, num despertar de virilidade. Realizou-se enfim sua noite de núpcias no fundo daquele túmulo, sobre um leito de lama, na ânsia de não morrerem sem antes serem felizes, no obstinado desejo de viver, de gerar vida pela última vez. Amaram-se desesperados de tudo, afundando na morte." (p. 442)

Não é uma leitura fácil. Na verdade, recomendo-a para aqueles que querem algo mais denso e que te faça refletir, pois se você não gosta desta profundidade, dificilmente vai conseguir chegar até o final. Enfim, já falei demais a respeito do livro, só posso dizer que amei, amei e amei!
Quando tiver um tempo, gostaria de lê-lo novamente, com mais tempo e apreciando cada página a fim de compreender melhor estes personagens tão complexos e sofridos. Émile Zola, definitivamente, entrou para o hall dos meus queridinhos literários.
Bem, acho que é isso pessoal!
Até a próxima!

Curiosidades:

- Émile Zola (Paris, 2 de abril de 1840 — Paris, 29 de setembro de 1902) foi um consagrado escritor francês, considerado criador e representante mais expressivo da escola literária naturalista além de uma importante figura libertária da França. Foi presumivelmente assassinado por desconhecidos em 1902, quatro anos depois de ter publicado o famoso artigo J'accuse, em que acusa os responsáveis pelo processo fraudulento de que Alfred Dreyfus foi vítima.

- Há um filme de Germinal, de 1993 com atores como Gérard Depardieu e Anny Duperey. O filme ganhou os prêmios de melhor fotografia e melhor figurino no prêmio César do cinema francês. Também foi indicado as categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Miou-Miou), Melhor Ator (Gérard Depardieu), Melhor Ator Coadjuvante (Renaud), Melhor Atriz Coadjuvante (Judith Henry), Melhor Diretor (Claudie Berri), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Som, Melhor Edição e Melhor Produção de Design.


site: http://conchegodasletras.blogspot.com.br/2016/01/resenha-germinal-emile-zola.html#more
comentários(0)comente



Henrique Fendrich 04/09/2015

O deus da miséria
— Então vocês ainda precisam de um Deus e do seu paraíso para serem felizes? Não podem construir com as próprias mãos a felicidade na terra?

É a pergunta que Etienne, o personagem principal de Germinal, lança sobretudo à mulher de Maheu, que, conformada com a vida de miséria que lhe fora destinada, parecia lançar as suas esperanças em uma redenção vindoura, além da morte. E o interessante é que a mulher de Maheu não era religiosa. Acontece que também não era jovem, já havia passado várias vezes pelo sentimento de esperança, já havia imaginado que um dia a felicidade viria e, no entanto, nada mudava. E, como ainda havia dentro dela revolta e desejo de justiça, suspira pela única possibilidade de libertação que ainda não havia descartado totalmente: — Se ao menos o que os padres dizem fosse verdade, os pobres deste mundo seriam os ricos do outro…

Não apenas Etienne reage com zombaria a essa sugestão, mas o próprio marido da senhora Maheu, e mesmo as crianças dão de ombro, “transformadas em incrédulas pelas mudanças do mundo”, como descreveu Émile Zola, o autor. É com amargura que Maheu insinua que nem os próprios padres devem acreditar nisso, pois, se assim fosse, “comeriam menos e trabalhariam mais para ter garantido um bom lugar lá em cima”. A imagem que tinham dos sacerdotes não era nem um pouco favorecida por aqueles que andavam em meio à comunidade de mineiros.

O MAU SAMARITANO

O pároco do lugar, padre Joire, era um bom sujeito, “só que fingia não se interessar por nada, para não ter problemas nem com operários, nem com patrões”. Isso significa que não estava disponível sequer para a caridade. Na ocasião em que a mulher de Maheu, sem ter com que alimentar a família, saiu à rua em busca de ajuda, encontrou por acaso o padre Joire e, ao cumprimentá-lo, achou por um momento que o sacerdote iria se apiedar dela. Ele, no entanto, nem parou, apenas se limitou a sorrir para as crianças, mortas de fome, que a mulher levava.

O padre repetirá este gesto alguns meses depois, quando a greve que sustém a trama do livro já foi deflagrada e famílias de mineiros como os Maheu estão à beira da inanição. Ainda desta vez, ao encontrá-lo, a mulher de Maheu irá clamar “Senhor pároco, senhor pároco!”, mas ele, desejoso de de viver em paz com todo mundo, apenas lhe dirá “Boa noite, minha filha” e continuará caminhando, exatamente como o sacerdote da parábola do Bom Samaritano.

UM SONHO DE FRATERNIDADE

Sem poder contar com o auxílio de homens como esse para resolver o problema da miséria deste mundo, a mulher de Maheu, diante da reação de Etienne e de seu marido, agora se dava conta de que também não podia esperar deles uma saída no mundo que viria. É por isso que suspira e exclama: — Ah! Meu Deus, meu Deus… E depois, com as mãos sobre os joelhos, num total abatimento: — Então é verdade, nós, os pobres, não podemos ter esperança alguma.

Etienne, no entanto, está disposto a construir a felicidade na terra com as suas próprias mãos. É com paixão que fala em um mundo de felicidade, igualdade e fraternidade, uma humanidade nova, purgada dos seus crimes, formada por um único povo de trabalhadores. Em busca desse sonho é que se desenrola a história. A mulher de Maheu, no início, vê com desconfiança essas ideias, imaginando que o Homem seria levado a destruir tudo em busca da felicidade, como de fato aconteceu. Afinal, não era de se esperar que os burgueses acolhessem a novidade.

A CARIDADE ORGULHOSA

Até porque, os burgueses estavam muito satisfeitos com o bem que julgavam fazer aos operários. Os Grégoire, por exemplo, reconheciam a necessidade de ser caridoso, talvez por uma questão de educação. E regozijavam-se a tal ponto com as esmolas que davam (nunca em dinheiro, para que os pobres não fossem gastá-lo em bebida) que consideravam a sua casa como “a de Nosso Senhor”. Era, no entanto, com nojo e inquietação que reagiam ao se encontrarem com a verdadeira miséria.

O SONHO DO PADRE

Para os Grégoire, miseráveis como a família Maheu deviam aceitar que de nada adiantaria lutar e que precisavam continuar trabalhando honestamente – é com esses sentimentos que seriam vencidos os infortúnios. Não admira que tenha causado tanto desconforto os sermões do padre Ranvier, sucessor do padre Joire, que tomou a defesa dos operários e lançou sobre a burguesia a culpa de empurrar a sociedade “para uma catástrofe horrível com seu ateísmo, sua recusa em voltar à crença, às tradições fraternais dos primeiros cristãos”.

O padre Ranvier chegou a ponto de advertir o burgueses de que, se continuassem teimando em não escutar a voz de Deus, certamente ele se poria ao lado dos pobres, tiraria as fortunas dos ricos incrédulos e as distribuiria entre os humildades desta terra, para sua maior glória. No entanto, mesmo o padre Ranvier, em suas visitas aos grevistas famintos, limitava-se a fazer um convite para que fossem à missa no domingo – teria feito melhor se trouxesse pão, diz Maheu.

O discurso que o padre Ranvier fazia nessas oportunidades era bastante semelhante ao de Etienne, prometendo o triunfo da justiça e o fim da iniquidade dos ricos, com a diferença de que, para esse dia chegar, seria preciso que os operários se entregassem nas mãos dos padres. Ao contrário dos antigos padres da região, ele não ameaçava os famintos com o inferno, mas também não os auxiliava em suas necessidades – vai daí que também não converteu ninguém.

UM DEUS GERMINANDO

A mulher de Maheu, que não cria nas batinas, clamará a Deus quando, no momento de maior angústia, preferir a morte do que continuar sofrendo: — Meu Deus, leva o meu marido, leva toda a minha família, por piedade, para terminar com isto! A certeza de que a justiça um dia viria e que os burgueses seriam castigados, no entanto, não a abandonou nem mesmo ao cabo de todos os trágicos acontecimentos da história. Mas ali ela parecia acreditar em uma salvação natural, consequência dos fatos que, como um deus, nasceriam para vingar os miseráveis.

É uma certeza parecida com a de Etienne, que, afinal, teve que reconhecer que não havia em seu projeto toda a simplicidade que supunha ao censurar a mulher de Maheu. Etienne não tem Deus, não tem paraíso e, no entanto, também não pode construir com as suas próprias mãos a felicidade na terra. Mas alivia-se com a esperança de novas convulsões, que germinavam nos sulcos da terra e que fariam brotar um exército vingador – e então rebentaria, na hora, o deus alimentado pela miséria.

site: http://deusnaliteratura.wordpress.com
Maria 29/07/2020minha estante
Que beleza de resenha! :D




Gabi 14/11/2014

Excelente livro, de um realismo que comove. Descreve com precisão a realidade vivida pelos mineiros franceses do século XIX em plena crise econômica e política.
Recomendo.
thiago.castro.1612 20/12/2014minha estante
Eh um livro sobre o ser humano, acima de tudo. Retrata personagens pobres e iguinorantes, que levam suas vidas miseraveis, trabalhando como mulas. Tem uma serie de historias historias intressantes, cotidianas e banais, mesmo assim interessantes. Mostra o comportamento em massa que pode ser muito diferente do cotiano. Uma historia muito bem contada, por um dos grandes mestres do realismo, com uma serie de revezes e um desfecho bizarro e ao mesmo tempo, plausivel.




Lilian Pires 31/10/2013

Maravilha
Senti todas as emoções possíveis e imagináveis.
comentários(0)comente



guibre 28/10/2013

O aspecto central da obra é, obviamente, o sofrimento dos mineiros, categoria de trabalhadores que foi essencial para a Revolução Industrial e seu desenvolvimento posterior. A rotina deles é narrada minuciosamente, evidenciando quão árduo era esse tipo de trabalho, completamente insalubre e certamente perigoso.
Destaca-se, ademais, o confronto entre capital e trabalho, com o contraste entre a opulência gerada pelo primeiro e a pobreza que ronda o segundo. A narrativa demonstra muito bem a contraposição entre as famílias de burgueses e de trabalhadores.
Apesar dessa ênfase, deve-se ressalvar que a narrativa não padece de maniqueísmo. Pelo contrário: os mineiros não são idealizados, como se nota na inconsequência e frivolidade de alguns dos seus atos. Algumas reflexões do protagonista Etienne, aliás, tem por objeto exatamente as fragilidades da categoria e demonstram as dificuldades de mobilização política dela, mesmo que seja capaz dotada de grande capacidade de resistência, bem como de imensa solidariedade.
Por outro lado, os burgueses – patrões ou prepostos deles – também são focalizados em detalhe, revelando suas vulnerabilidades e “até” traços de humanidade. Mesmo insensíveis nas negociações com os grevistas, podem mostrar-se tenazes em auxiliar os mineiros no resgate de um colega, como foi o caso do engenheiro Negrél.
Foi um imenso prazer ler este livro, pois forneceu um panorama de uma categoria da classe trabalhadora em meados do século XIX em um formato literário com inequívocos traços de verossimilhança.
comentários(0)comente



193 encontrados | exibindo 151 a 166
1 | 2 | 3 | 4 | 11 | 12 | 13


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR