César Belardi 21/06/2020
Arlequina
No que diz respeito à normalidade, esta HQ poderia muito bem fazer par com o filme do Coringa. Não pela construção em espelho da narrativa, a HQ como uma versão do filme, ou vice-versa. A normalidade se encontra na maneira como tudo transcorre com fluidez. É claro que um filme com o título "Coringa" vai culminar no nascimento desse personagem (e isso não é um spoiler!); o mesmo vale para "Harleen". A percurso que a personagem segue, da estudante até a profissional com potencial e sua inevitável interferência com o palhaço, é narrado com refinamento, mesclado por considerações da própria Dra. Quinzel que vão se diluindo entre o intelecto e a insanidade. A arte envolve, a leitura segue com naturalidade, as surpresas e as dúvidas da personagem nos atingem sutilmente. Se você não conhecer ou não for um fã, o efeito final será eficaz o bastante para sugerir reler mais tarde, depois de ter buscado outras referências sobre Arlequina.
Os fãs poderão questionar algumas passagens, não canônicas ao Universo DC. É aqui que o parelhamento com "Coringa" surge: assim como o filme, a HQ conta a história do ponto de vista da protagonista, o que não garante em nada a veracidade dos fatos. Esse recurso foi proposto como explicação para o filme mais recente dela, em conjunto com as "Aves de Rapina", porém... nos quadrinhos funciona muito melhor!
O formato maior não facilita uma leitura em trânsito, além de ter chegado para nós em três fascículos. Não é um grande problema, porque é uma história para ler parado, não em um transporte, no intervalo em uma lanchonete ou coisa parecida. É uma leitura para ser apreciada por sua arte e suas proporções. Ser quebrada em três fascículos... isso, sim, poderia ter sido evitado, mas é uma opinião particular que não compromete em nada, a menos que você tenha lido em tempo real de lançamento... O intervalo entre um número e outro pode ter comprometido o ritmo da leitura.
Recomendação certa para conhecer melhor a natureza dos vilões da fantasia que só perdem para aqueles que habitam o mundo real destes tempos cartunescos nos quais vivemos.