Andrelize 29/12/2011
Resenha e Microanálise da obra Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco.
Publicado em 1862, a obra é considerada a mais importante de Camilo Castelo Branco e o marco do Ultra-Romantismo Português. Tornou-se um dos clássicos da literatura universal e os críticos a assemelham a Romeu e Julieta de Shakespeare.
É uma novela dividida em XX capítulos, e a narração feita ora em terceira pessoa, onde o narrador não participa dos acontecimentos e é onisciente, ora é feita em primeira pessoa por um dos personagens, por exemplo, quando João da Cruz conta como matou o almocreve.
O enredo acontece nos finais do século XVIII e início do século XIX, e a ação acontece entre 1801 e 1807. O tempo é cronológico e linear.
Agora vamos à análise do enredo: Primeiramente, o narrador conta-nos um pouco da história da família de Simão Botelho, desde o casamento de seus pais à formação de sua família. O personagem Simão é redondo, operando nele uma profunda mudança de comportamento, ele passa de um rapaz revolucionário e corajoso, a um depressivo entregue a morte. Típica atitude dos adolescentes apaixonados, Simão tinha 17 anos.
Quando Simão Botelho e Teresa Albuquerque se apaixonam, logo são impedidos de viver este amor pelo fato de suas famílias serem rivais. Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, sabendo deste amor logo procura casar sua filha Teresa com Baltasar Coutinho, seu sobrinho. Porém a moça o rejeita e passa a desprezar profundamente seu pai.
Baltasar sente-se ofendido e planeja impedir de qualquer forma este romance, mesmo que tivesse que agir feito um pai para a moça. Assim, Baltasar e seu tio aconselham a moça a esquecer Simão e caso não o fizesse, ela seria trancafiada em um convento pro resto de sua vida. Diante disso, Teresa promete esquecer Simão, mas continua irredutível ao casamento contrário ao seu verdadeiro amor.
O pai de Simão resolve acabar com o romance mandando o filho estudar em Coimbra, para que assim o jovem esquecesse Teresa. A distância não conseguiu destruir o sentimento do casal, que continuou se amando. Teresa sempre escrevia a Simão e tentava esconder as ameaças e pressões que sofria de seu pai e Baltasar para não criar rivalidade entre eles e seu amado. As cartas e as datas além de marcar o tempo, contribuem para realçar todo o teor histórico e documental que garantem a realidade dos fatos. Sendo elas apresentadas em primeira pessoa. Enlouquecido de saudades, Simão decide retornar a Viseu para encontrar-se com sua amada.
Simão decide ir à casa de Teresa, e chegando lá vê Baltasar comemorando o aniversário de sua prima Teresa. Baltasar é o anti-herói e sempre tenta impedir a consolidação do amor entre Teresa e Simão. No meio da festa a jovem Teresa tenta falar com o amado no jardim, porém o casal é surpreendido o que acarreta uma confusão da qual Simão saiu ferido e busca abrigo na casa de João da Cruz, ferreiro fiel e amigo, personagem coadjuvante. Mas os amantes ainda se amavam e mantinham contato por meio da janela e por meio de uma velha mendiga que passava sob a janela do quarto de Teresa. Teresa decide entregar a essa mendiga uma carta para que ela entregasse à Simão avisando-lhe que quando foram descobertos, como punição a sua rebeldia, a jovem seria mandada para o convento Monchique.
Enquanto isso, ainda ferido e na casa do corajoso João da Cruz, Simão recebe os cuidados médicos pela filha de João, a bela Mariana, que logo se apaixona por Simão, mas esconde seu amor. Formando assim um triângulo amoroso, onde os três protagonistas, Simão, Mariana e Teresa compõem o foco da narrativa.
Mariana, que escondia seu amor, tenta ajudar a comunicação entre Teresa e Simão, indo ao convento para visitar a moça, alegando ser apenas uma amiga. Consegue falar com Teresa e manda as notícias à Simão, a moça afirma que será transferida para outro convento, que fica na Cidade de Porto, Simão desespera-se e articula um plano para raptar sua amada do convento antes de sua mudança. Na tentativa de resgatar a amada, o jovem encontra Baltasar. Diante de várias testemunhas o jovem Simão atinge Baltasar com um tiro, que o mata. Aqui é o clímax da história, a parte mais emocionante.
O jovem Simão poderia ter fugido, mas resolve se entregar a prisão e acaba sendo condenado à morte, mas por intermédio do corregedor Domingos Botelho sua pena é convertida a extradição, e Simão é enviado à Índia.
Diante deste conturbado cenário, o jovem recebe notícias do assassinato de seu prezado amigo João da Cruz e Mariana totalmente órfã e sozinha decide acompanhar Simão em sua sentença de passar dez anos na Índia. Diante de tanta tristeza, a linda fidalga Teresa adoece e perde a vontade de viver, entregando-se a doença e a depressão. Ao embarcar rumo à Índia, Simão contempla pela ultima vez o convento onde está a mulher que é a responsável pelo seu viver. Teresa, por sua vez, contempla o navio que levará seu amado.
Quando o navio esta prestes a sair, dramaticamente, Teresa morre ali mesmo no Mirante. Simão, diante da morte de sua amada, entrega-se a morte, não se cuida, não come, perdeu a vontade de viver e seu corpo definha em tristeza. Em alguns dias Simão morre e quando seu corpo é atirado no mar, Mariana não resiste à perda do amado e joga-se ao mar junto com ele, pois sabe que sem Simão não há motivos para ela viver. O suicídio de Mariana é a parte mais linda da narrativa e mostra o fim trágico da historia das famílias rivais Botelhos e Albuquerque.