Luciana Klanovicz 05/08/2022
Aventura ágil sobre o mundo do fim de século XIX
Começo esta resenha falando sobre a alegria trazida por esta leitura. Um romance ágil, curto, espirituoso com personagens emblemáticos. Por si só já é o suficiente para se jogar e embarcar nas aventuras deste grupo tão peculiar. Mas o livro traz muito mais: uma leitura de mundo, do ponto de vista europeu, civilizatório que se depara com o outro, por meio da alteridade.
Misteriosamente vemos o mundo a partir do olhar do criado francês, Passepartout, ávido para ver e sentir o mundo, diferente de Fogg, metódico, britanicamente falando, que não se interessa em ver o mundo e sim em seguir em frente, e cumprir sua aposta.
É claro que torcemos pelo final da empreitada, assim como torcemos para que o Fogg se conecte com Alda. Torcemos mais ainda pela narrativa maravilhada das aventuras vividas por Passepartout e sentidas em sua pele, pois os riscos são reais.
Fogg é um grande personagem: enigmático, misterioso, rico sem se saber como adquiriu sua fortuna. O mais legal do livro é que este segredo pode ter sido sutilmente revelado a uma leitora mais atenta, quando ele assume o leme do barco em direção a Liverpool, numa vertiginosa ação de alguém acostumado a intempéries marítimas! Simplesmente genial, Julio Verne nos agracia com entretenimento de primeira grandeza, com ação, aventura e romance na medida certa.