Alle_Marques 24/12/2023
80 dias... Ou menos...
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É um gigantesco festival de conveniências e o mundo parece conspirar a favor de Phileas Fogg, por isso mesmo me surpreendi por ter gostado tanto.
A história é tão extravagante quanto já estou acostumada a pensar quando escuto ‘Júlio Verne’, uma viagem desse nível em um prazo tão curto é mesmo um absurdo – para a época –, ainda mais quando se existe uma coisa chamada “imprevistos”, mas a forma como Verne faz isso funcionar é muito boa, mesmo com tantas situações difíceis de acreditar e bem convenientes, ainda assim, é perfeitamente possível passar por cima de tudo isso e aproveitar a aventura. Phileas Fogg e Passepartout são bons personagem também, funcionam muito bem juntos e suas personalidades tão opostas, Fogg inexpressivo e indiferente, Passepartout afobado e ágil, dão um frescor para a história, além de garantir um humor ocasional.
Júlio Verne escreve como ninguém e tem uma criatividade surreal, acontece às vezes dele divagar e enrolar bastante, mas mal vi isso nesse livro, e mesmo quando vi, ainda assim, não prejudicou em nada minha experiência.
Porém, acho que vou ter que discordar do Sr. Fogg em um aspecto, o imprevisto existe sim e se chama falta de dinheiro. Essa viagem jamais seria possível, nesse tempo e com todos os problemas que teve, se ele não fosse rico e tivesse dinheiro para gastar, seja com elefantes, seja com navios. Se o imprevisto não existia para ele, é graças a um bolso cheio.
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[...] — E se salvássemos essa mulher?
— Salvar essa mulher? — exclamou o general.
— Estou adiantado doze horas. Posso dedicá-las a isso.
— Caramba! Vejo que é um homem de coração! — disse Sir Francis Cromarty.
— Às vezes — respondeu com simplicidade Phileas Fogg. — Quando tenho tempo. [...]
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42° Livro de 2023, 55ª Resenha de 2023
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