Clarice Cardozo 26/03/2023
O início dos Karas!
Esse livro foi leitura obrigatório do 7° ano, se eu não me engano. Esse e "a droga da amizade". E eu não li. Mas agora, no 3° e último ano, li esse livro e com certeza devia ter lido antes.
Bem, A Droga da Obediência é em primeiro lugar um livro adolescente, então tecnicamente, você não pode esperar algo como CSI, ou Chicago PD. Notei, sim, enquanto estava lendo, aqueles elementos que se contassem para a gente "de verdade", não acharíamos assim tão críveis. Mas essa é a proposta do livro, e claro, é coerente com o público alvo. Isso não faz o livro melhor ou pior, só estou pontuando para você que já está lendo um pouco mais velho não esperar algo diferente.
Mas isso contribuiu muito para a minha afeição com o livro e tem ligação direta com o primeiro motivo de eu ter engolido esse livro em 2 dias: primeiramente, cada cena tem gosto de juventude! Ter um clube secreto, com códigos, um esconderijo, e investigar, sozinhos, um caso de polícia, isso é um sonho adolescente que provavelmente todos tivemos quando éramos mais novos. A coisa que mais ouço elogiarem nos jovens é sua energia, sua paixão. E isso é tão vivo durante todo o livro, e faz você se conectar com essa época através dos personagens. Quem, meus amigos, se envolveria em algo que os adultos estão cuidando, apenas pela incontrolável vontade fazer o bem? Apenas por não conseguir tomar uma posição passiva vendo o mal acontecer por perto? A verdade, é que quando somos jovens, somos sim, um pouco presunçosos. Achamos que sabemos mais que os adultos. Achamos que podemos tudo. Conforme vamos crescendo, perdemos isso. É claro que nosso orgulho pode fazer com que cometamos erros que poderiam ser evitados. Não estou dizendo que devemos todos passar a nos meter em tudo que não nos diz respeito, e achar que podemos, agora, solucionar todos os casos arquivados da polícia. O que estou dizendo é que não deveríamos pensar que somos tão fracos. Porque o adolescente que perde essa energia, essa vontade de fazer o bem, essa fé na força do amor, ele vira o adulto que espera sempre o outro ajudar o próximo. "Ah, eu não sou a única pessoa capaz de ajudar. Alguém já está indo", ou "Se ninguém fez até agora, não vou ser eu quem vai fazer." E todos começamos a pensar assim, então acaba que ninguém se move para ajudar. Estou falando isso para pequenas coisas, como ajudar alguém que caiu na rua, até grandes coisas, como o sequestro de meninos e meninas de diferentes escolas em São Paulo. O que quero dizer é que, independente de onde estejamos, o que fazemos, em que cargo ou qualquer coisa do tipo, todos temos algum poder para fazer o bem, para fazer a diferença. Mas o cuidado com essa vida faz a gente se esquecer disso. No nosso mundo, viver às vezes se torna tão trabalhoso, nos preocupamos com tantas coisas. Passamos a nos sentir tão vulneráveis, porque passamos a ver que a realidade é mais dura do que pensávamos ser quando éramos crianças. Passamos a ver como o dinheiro dita nossa vida, que as relações não são tão simples, e que a vida não é um recreio. Vamos nos encaixando no mundo das "pessoas grandes", sufocando a chama de vida que vive no coração de cada jovem. Eu espero que sejamos adultos que manteram a chama acesa, que acreditam no poder do amor e da amizade, que têm fé que podem sim lutar contra o mundo e principalmente, que não se cansam de fazer o bem.
Bem, tinha outras coisinhas que queria pontuar, mas essa resenha já ficou grande demais. Provavelmente ninguém vai ler, mas tudo bem. Só quero deixar claro que meu personagem favorito é o Crânio, o melhor sempre ???