Gabriel Oliveira 24/02/2022Um livro meio dispensável, mas que ainda assim tem valorA "alta literatura" tem muitas dessas obras que são mais famosas pelo seu efeito do que por seu real valor.
Claro, não vamos diminuir a importância desse livro lendo-o como se tivesse sido escrito anteontem. Vale lembrar que a obra foi publicada na segunda metade do século XVIII e Goethe na época mal contava com 20 anos. Mesmo assim, ao ler, tem-se a impressão de que ele não foge muito do que é: um livro escrito há muito tempo atrás.
Werther, personagem principal do livro, é um jovem saudoso de sua infância, e por vezes age como uma. Exila-se no interior da Alemanha para uma espécie de retiro espiritual. Tudo vai bem enquanto ele relaxa sobre a relva se conectado com a natureza; após isso, porém, seu coração enevoa-se por uma paixão não correspondida.
O enredo da obra é raso, assim como são rasos todos os personagens com exceção de Werther. Mas Goethe, por incrível que pareça, consegue boas linhas de raciocínio e, mais importante do que tudo, causar emoção. E lembrar disso é muito importante principalmente se levarmos em conta que o livro aborda o suicídio. Hoje, é um tema até banal; no final do século XVIII, acho que não era.
Para a época, é certo que o livro causou grande rebuliço. E talvez a grande atenção que isso gerou acabou que não acaba correspondendo exatamente à qualidade da obra, embora ela seja razoável nesse quesito.
Enfim... Um bom livro? Sim. Indispensável? Não.